terça-feira, 16 de maio de 2017

ZH na Faculdade: uma conversa sobre jornalismo transmídia em zonas de guerra e catástrofes com Rodrigo Lopes

O jornal Zero Hora trouxe na noite desta segunda-feira (15) para os acadêmicos de Jornalismo da Universidade Feevale a palestra “Jornalismo transmídia em zonas de guerra e de catástrofe”, com o repórter e correspondente internacional Rodrigo Lopes. O evento faz parte do #ZHNaFaculdade que integra diversas palestras nas universidades do Estado, em comemoração ao aniversário do jornal.

O evento iniciou ás 19h30 com a palestra “Divulgação do Estágio de Correspondentes de Assuntos Militares (ECAM)”, organizada pelo Comando Militar Sul, representado pelo Coronel Carlotto que é chefe da Comunicação Social, Coronel Andreuzza e o Tenente Coronel Joel. Os objetivos do estágio são proporcionar a universitários, professores e profissionais da área de jornalismo conhecimentos específicos a respeito do Exército Brasileiro e das especificidades da atividade jornalística relacionadas aos assuntos militares, proporcionando a esse público a possibilidade de exercitar os conhecimentos gerados nas faculdades, acrescidos dos específicos referentes aos assuntos militares e viabilizar o intercâmbio de conhecimentos.

Em seguida, Rodrigo iniciou sua palestra contando sobre sua trajetória no Jornalismo que já dura mais de 20 anos e comentou que antes de formado, trabalhou como office boy do Grupo RBS. Hoje, é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, mestre em Ciência da Comunicação pela Unisinos, com especialização em Jornalismo Literário pela Academia Brasileira de Jornalismo Literário e em Jornalismo Ambiental pelo International Institute for Journalism (Inwent, Berlim). Trabalha na Zero Hora como editor, repórter e colunista de assuntos internacionais, além de atuar como professor de Jornalismo na Fadergs, em Porto Alegre.

Como enviado especial, já fez mais de 30 coberturas no exterior, entre elas as guerras do Líbano, da Líbia e no Iraque, o terremoto no Haiti e no Peru, as eleições de Barack Obama e Donald Trump, nos Estados Unidos e a tragédia com o avião da Chapecoense. No ano passado, esteve em Bagdá para a reportagem intitulada 7 dias na metrópole mais perigosa do mundo.

Durante a palestra, comentou três dessas reportagens especiais. Trazendo um pouco mais sobre suas experiências em cada uma delas.

Rodrigo Lopes fala sobre Jornalismo Transmídia em zonas de guerra e catástrofe
Foto: Andrei Souza

A primeira foi a cobertura do atentado em Paris, no ano de 2015. Rodrigo conta como foi chegar na cidade e encontrar cenas de tristeza e dor, apresentando também os vídeos que gravou durante os dias em que esteve realizando a cobertura. Uma dica importante destacada pelo Jornalista, é a utilização de fotos para gravar os detalhes dos acontecimentos, servindo de base para o texto que seria realizado depois.


Rodrigo fala sobre a cobertura dos atentados na França
Foto: Andrei Souza

Rodrigo seguiu relatando sobre a reportagem especial “Bagdá, 7 dias na metrópole mais perigosa do mundo”. A qual, segundo ele, foi uma das maiores reportagens que já realizou. Ele comenta sobre a dificuldade dessa cobertura, onde pela primeira vez, ele esteve realmente em uma zona de guerra, precisando de proteção para estar naquela localidade. Rodrigo conheceu um guia e procurou conhece-lo ao máximo, ficando inclusive na casa de sua família.

“Eu procuro colocar a emoção na minha maneira de fazer jornalismo. Eu gosto de mostrar o lado humano das pessoas. Conhecer quem vive naqueles lugares isolados ao lado das zonas de guerra e saber o que eles tem para contar.”

Assim, o jornalista entra totalmente na história que precisa ser contada. Relatando cada detalhe que muitas vezes fica oculto em outras matérias.

O repórter finalizou sua palestra relatando a cobertura da tragédia com o avião daChapecoense, no final do ano passado.  Um acontecimento que chocou o Brasil e o mundo, emocionou também Rodrigo, que diz não entender nada de futebol, mas realizando a cobertura, vivenciou a emoção de sentir o carinho e solidariedade do povo colombiano. Ao chegar em Medelín, o jornalista relata como foram seus momentos até a chegada no local do acidente, onde foram a primeira equipe a chegar e realizar um vídeo do local. Após, o jornalista foi até o estádio onde aconteceu a homenagem dos torcedores doAtlético Nacional e realizou a caminhada nas escadas que o time da Chapecoense subiria para o jogo. Ele relata a emoção que sentiu ali e que não conteve às lágrimas, ao vivo para a Rádio Gaúcha, ele se emocionou fazendo a contagem dos degraus até o gramado.

Encerrando a noite, os alunos de Jornalismo puderam realizar perguntas ao repórter, mediados pela professora Leticia Vieira. Em suas respostas, Rodrigo deu dicas para se tornar um bom profissional, ressaltando que ele tem que dominar as técnicas e se adaptar com os novos meios tecnológicos. Ressalta ainda que o diferencial é aprender um idioma diferente.

“A dica principal é ler muito e conversar com muitas pessoas. A melhor história pode estar do outro lado do mundo ou do outro lado da rua.”

Rodrigo Lopes também falou com a equipe da AGECOM – Agência Experimental de Comunicação da Universidade Feevale sobre sua experiência palestrando para os acadêmicos e qual sua percepção sobre isso.

“Eu acho que durante muitos anos havia um grande vazio na comunicação entre os jornalistas de mercado, professores e estudante. A academia sempre esteve muito afastada do jornalista profissional e a gente com essa proposta da Zero Hora é de aproximar um pouco mais esses públicos. Porque no fundo a galera que está aqui vai ser a que vai estar trabalhando em grandes veículos de comunicação dentro de poucos anos. Então eu me energizo aqui com essa galera, eu acho muito legal. O que eu mais quero trazer para cá é entusiasmo pela profissão.”

Ele cita também que sendo apaixonado pela profissão, a pessoa trabalha em qualquer mídia e consegue passar a credibilidade esperada pelo leitor. O campo no qual ele atua hoje foi motivado pela sua paixão por história, pois para ele testemunhar os acontecimentos e vivenciar aquela adrenalina ao vivo, é muito emocionante.

Rodrigo também é autor do livro Guerras e Tormentas
Foto: Andrei Souza


Andrei Souza, acadêmico do 5º Semestre de Jornalismo na Universidade Feevale
Marina Staudt, acadêmica do 5º Semestre de Jornalismo na Universidade Feevale 

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