quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Duda Rangel

Um olhar apurado com muito senso de humor é a essência do blog Desilusões Perdidas, que traz o personagem Duda Rangel, um jornalista desempregado e deixado pela mulher para falar sobre a profissão. Criado pelos irmãos Anderson e Emerson Couto formados em Jornalismo na Universidade Metodista de São Paulo (Umesp), Duda Rangel respondeu a algumas perguntas sobre a nada mole vida de um profissional de jornalismo. 
 

Você é um jornalista desempregado, que foi deixado pela esposa após “anos e anos de pescoções”. Nunca pensou em largar desta vida e seguir outra profissão?

Apesar de todas as dificuldades que já enfrentei em minha carreira, nunca pensei em desistir da profissão. É a minha paixão. Jornalismo é como o colesterol ruim, está no meu sangue.

Você também perdeu a guarda do seu cachorro Nestor, como está sendo a vida desde então? Muitos freelas?

Sim, graças aos freelas, ainda consigo pagar o aluguel do meu superapê de 49 metros quadrados. Quanto ao Nestor, o vejo a cada 15 dias. Saio sempre para passear com ele. O Nestor é meio jornalista também: tem faro apurado, adora um agradinho e já está acostumado a levar bronca quando faz merda.

O que te levou a cursar Jornalismo? Se não fosse jornalista, seria o quê?

Sempre gostei de contar histórias, aliás a única coisa que faço razoavelmente bem na vida é contar histórias. Por isso, decidi cursar Jornalismo. Não seria outra coisa na vida.

Durante sua carreira, qual foi o pior e melhor momento?

Tive bons momentos no jornalismo. Um dos melhores foi quando assinei a primeira matéria. Ver o nome no jornal é uma sensação muito boa para um jovem. A pior foi quando o jornal em que trabalhei a vida inteira me colocou em um “programa de reorganização de seu pessoal na busca de uma adequação à realidade global”. Ou seja: me deu um pé na bunda.

Por que jornalista gosta tanto de tomar café?

Acho que é para vencer o cansaço e não dormir no meio de uma pauta ou enquanto escreve um texto.

Qual música e/ou filme você diria que retrata mais fielmente a dura profissão de jornalista?

Tem um filme sobre jornalismo que gosto muito chamado “A montanha dos sete abutres”. Ele não retrata o jornalismo como um todo, mas um tipo de jornalismo que vemos até hoje, que busca o sensacionalismo a qualquer custo.

Que livro é uma leitura obrigatória para formação de um bom profissional?

É difícil dizer apenas um. Existem muitos. Sobre jornalismo, sempre indico o “Ilusões perdidas”, do francês Honoré de Balzac. O nome do meu blog é inspirado nesta obra.

O que um jornalista que vai cobrir uma manifestação deve fazer para se manter seguro?

O jornalista, em qualquer cobertura em que existem riscos à sua segurança, deve saber quais são os seus limites de atuação, até onde pode ir. E, claro, usar equipamentos de proteção, quando necessários.

Um dos textos do blog é sobre “10 razões para namorar um jornalista”, mas e quais seriam os pontos negativos em namorar um jornalista?

Olha, são tantos, que eu precisaria de uma semana para responder só a esta pergunta. Prefiro que cada pessoa que namora um jornalista reflita sobre os perrengues de sua relação. Aguentar um namorado jornalista que, na mesa de um bar, só fala de jornalismo com seus colegas jornalistas é um exemplo.

Qual seria na tua opinião as piores manias que um jornalista pode ter?

As manias de achar que sabe tudo e de ter opinião para tudo.

Se o Félix da novela “Amor à vida” fosse jornalista. Como e quem ele seria?

Estou escrevendo um post sobre os personagens desta novela, caso fossem jornalistas. Devo publicar no blog na semana que vem. O Félix seria a colunista de fofoca má, famosa pelo bordão “salguei a boca-livre”.

Em algumas séries, filmes e novelas existem personagens que são jornalistas, porém nem sempre a profissão é retratada de acordo com a realidade. Seria o caso de dizer que a ficção não imita a vida?

A boa ficção é um retrato da realidade. Agora, a má ficção...

O fato de todo jornalista querer mudar o mundo é inspirado no caso de Clark Kent que tem super poderes?

Acredito que tem um pouco de Clark Kent, sim. Muitos acham que podem mudar o mundo por idealismo. No fundo, todos quebram a cara. Tem jornalista que não consegue nem salvar o texto que está escrevendo, como vai conseguir salvar o mundo? É muita pretensão, né? Se conseguirmos mudar uma pequena realidade local, já vale a pena ser jornalista.

Quais são os requisitos básicos para ser um jornalista acima de média?

Ler muito, ser interessado, questionador, incomodado, perseverante. Estudar, estudar, estudar. O jornalista precisa ter uma boa formação cultural, buscar conhecimento sempre.

Para os pais e amigos de um jornalista, que recomendações ou que tipo de consolo você daria?

Para que todos possam entendê-lo. Ele poderia estar roubando, matando, mas só está trabalhando como jornalista.

Mas, nem só de coisa ruim é feita a profissão. Quais seriam as vantagens e alegrias de ser jornalista?

O jornalismo é uma profissão apaixonante, apesar de todos os perrengues do dia a dia. Uma das coisas que mais valorizo é a oportunidade de conhecer pessoas, viajar, sair pela rua em busca de boas histórias. Esta experiência é incrível, não só profissionalmente. É uma experiência de vida.


Karine Brandt
Acadêmica do 6º semestre de Jornalismo

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