A Marvel sempre gozou de ser "rotulada" como uma editora que aproximava as suas HQ - historias em quadrinhos ao mundo real. Os temas abordados pela Marvel, Casa das Ideias, ao longo dos anos apenas comprovam isso. Como por exemplo ao abordar o Câncer.
Na década de 80, o herói alienígena Capitão Marvel, após anos salvando a Terra e respirando o poluído ar da nossa atmosfera, contraiu câncer no pulmão. A sua morte é uma das mais clássicas dos quadrinhos, o personagem faleceu deitado em sua cama, rodeado de amigos. Uma das maiores e melhores representações da realidade em uma HQ.
Outra referência a vida fora dos quadrinhos, é a abordagem de temas homossexuais e doenças como a AIDS.
O mutante Estrela Polar foi o primeiro personagem assumidamente gay da Marvel. Quando surgiu, entre a década de 70 e 80, o canadense era retratado como um homem devoto ao esporte e ao heroísmo, que não tinha tempo para mulheres. De início, a sua homossexualidade não pode ser abordada devido ao Código dos Quadrinhos (código que infligia rígidas regras para as HQs), e devido a pressão social da época. O escritor responsável pelas histórias em que o Estrela Polar aparecia, Bill Mantlo, pretendia anunciar a orientação sexual do herói e revelar que ele era soropositivo na 50° edição da Tropa Alfa (revista na qual Estrela Polar aparecia), vale destacar que na época, a AIDS era associada como uma doença gay. Porém, os editores da revista não permitiram que essa ideia fosse adiante, e explicaram a doença e a falta de interesse por mulheres do personagem, como fruto de uma origem mística. O personagem só veio a se declarar gay publicamente em 1992, quando adotou um bebê soropositivo, que acabou falecendo tempos depois. Abalado com a morte, o mutante chamou uma coletiva de imprensa, onde anunciou que era gay. A partir de então, a equipe heroica, Tropa Alfa, da qual Estrela Polar era membro, começou a lançar campanhas sobre a AIDS. Assim, a Marvel abordou estes dois temas atuais em suas HQs.
A diversificação cultural se faz presente quando na década de 70, o popular grupo de mutantes chamados X-Men passou por uma reformulação. O grupo, que antes era formado por 5 integrantes americanos, agora possuía uma grande diversificação cultural. Os novos membros eram: Solaris (mutantes japonês), Colossus (mutante russo), Noturno (mutante alemão), Tempestade (que além de negra, era afro-descendente), Pássaro Trovejante (nativo norte-americano), Banshee (mutante irlandês) e Wolverine (mutante canadense). Esse foi um marco para as HQs, principalmente devido ao fato de que mais adiante, Tempestade veio a usar um cabelo moicano e a liderar os X-Men. Para a época, foi algo bem marcante e que serviu de modelo para outras revistas.
A característica que mais confirma esta ligação entre a realidade e a ficção apresentada pelas HQs da Marvel é a humanidade apresentada nos quadrinhos.
Este talvez seja o exemplo mais clássico que existe na Marvel, e costumeiramente abordado através do Homem-Aranha. Peter Parker, a identidade secreta do Aranha, já trabalhou como fotógrafo, paparazzi, professor, pesquisador, enfim, não são poucas as profissões que o personagem já exerceu. O herói aracnídeo está sempre precisando de dinheiro, tendo de lavar seu uniforme ou mesmo dormindo na casa de sua tia. Ele sofre com os problemas humanos mais do que qualquer outro herói, e por isso, a identificação dos leitores para com o personagem é tão grande.
A Marvel divulgou recentemente imagens do primeiro casamento gay dos seus quadrinhos. O matrimônio será entre Estrela Polar (citado acima) e Kyle (um civil comum), e de acordo com a roteirista da revista, Marjorie Liu, a ideia é retratar fielmente a sociedade em que vivemos, a ideia é ser tão fiel, que terão personagens que se negarão a ir ao casamento. A Marvel também informou que essa abordagem está sendo planejada desde que o casamento gay foi aprovado em NY.
Assim, abordando todos estes fatores, e muitos outros, a Marvel conquistou muitos leitores mostrando temas atuais, com os quais a sociedade se depara diariamente.
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