Antes de falar sobre o filme "Homem de Aço", preciso esclarecer que não sou e nunca fui fã do Superman. Leio quadrinhos tanto da DC Comics (editora do Super) quanto da Marvel Comics (concorrente), mas prefiro a Marvel. Admiro muito o diretor Zack Snyder e sua técnica de filmagem, a narrativa visual que emprega em seus filmes. O produtor Chris Nolan, o mesmo que dirigiu a renomada trilogia do Batman nos cinemas, sabe adicionar as suas histórias elementos de impacto na sociedade, que nos fazem refletir alguns conceitos bacanas. Ou seja, eu não estava indo no cinema com expectativa alguma quanto ao Superman, mas esperava ser surpreendido pela direção e produção.
Após assistir ao longa posso dizer que me surpreendi onde esperava me decepcionar e me decepcionei onde esperava ser surpreendido. O herói do filme, do qual eu não ia com a cara, se mostrou extremamente humano (e até americano). As cenas em que ele aparece jovem, aprendendo sobre seus poderes e sua vida anormal, foram as mais bem feitas e tocantes das quase 2 horas e meia de película. Entretanto, o impacto social da personalidade de um ser que voa e é invencível deixaram a desejar. Por diversas vezes uma analogia velada entre Clark Kent e Jesus Cristo foi criada. O jovem ser encarado como um Deus para a humanidade em geral parecia que iria ganhar cada vez mais destaque na história, porém foi completamente ignorado quando começou a pancadaria. Essas referências tem a cara de Chris Nolan, que adora deixar as suas tramas bastante realistas, mas infelizmente ele aparentemente não conseguiu conduzir o plot para algo que evoluiu, ficou apenas nas sementes plantadas.
O ator Henry Cavill caiu perfeitamente para o personagem. Alto, forte, musculoso, é um ator com uma fisionomia carismática, mas que mete respeito, tal qual o Superman exige. Amy Adams como Lois Lane não comprometeu e em alguns momentos até se encaixou na personagem.
Falando em pancadaria, o filme pode ser dividido em duas partes nada iguais:
Amy Adams como Lois Lane |
1° Parte: Corresponde a cerca de 1/4 do filme. São as cenas onde Kal-El (nome original de Clark) se descobre como um ser especial.
2° Parte: Corresponde aos demais 3/4 do filme. A pancadaria, explosões, destruições, mortes e tudo que envolva efeitos especiais. Imagine que Metropolis (a cidade fictícia onde ocorre o filme), seja a nossa versão de Manhatan, em NY. Ela foi completamente destruída. Não sobrou prédio sobre prédio. Cerca de milhares de pessoas faleceram na cidade, devido a tamanha destruição, boa parte dela causada pelo próprio Super, que não levou a luta para longe da cidade. E é aqui que o filme comete um de seus grandes pecados. Com a proposta de ser uma produção realista, deixar passar um massacre desses sem ao menos colocar o herói escoteiro a refletir sobre suas ações, acaba ficando estranho para o telespectador. A destruição é tamanha que chega a incomodar.
Com a luta finalizada, a poeira baixa e em um passe de mágica tudo volta a ser belo, como se nada tivesse sido destruído ou ninguém falecido. Se na década de 40/50 quando o personagem surgiu, ele conseguia salvar o dia sem usar máscara e ninguém gravar o seu rosto, hoje na "Era da Informação", onde temos dezenas de celulares registrando tudo o que acontece em cada esquina, a primeira coisa a acontecer seria ter o rosto de Clark Kent estampado em todos os jornais possíveis, tornando a sua vida e de sua família, um inferno. Mas aqui temos outros equívoco, tal qual foi no passado, um óculos acaba sendo o suficiente para esconder sua identidade secreta.
O "Homem de Aço" nem de longe é o melhor filme do ano, nem o melhor filme herói já feito. Também não é o pior. Ele vale o ingresso do cinema, e nada mais.
Marcos Heck
Acadêmico do 2º semestre de Jornalismo
Marcos Heck
Acadêmico do 2º semestre de Jornalismo
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