quarta-feira, 28 de novembro de 2012

David Coimbra e Ruy Carlos Ostermann




A Feira Regional do Livro de Novo Hamburgo deste ano teve início na última sexta-feira, 23, e conta com atrações especiais para a comunidade da cidade. Em sua trigésima edição, as grandes figuras do primeiro dia do evento foram os jornalistas David Coimbra e Ruy Carlos Ostermann e o patrono Gilberto Abrão falou sobre as expectativas para o andamento da feira. “Esta é uma festa cultural que todos devemos acompanhar. O livro é o alimento da alma e eu espero que todos apreciem nossa feira”, disse Abrão, que fez um apelo aos pais presentes. “Peço para que todos os pais ensinem seus filhos a ler. Os tirem um pouco da frente da TV, os façam ler”.

David Coimbra foi o convidado de Ruy Carlos Ostermann no já famoso talk-show “Encontros com o professor”, no qual ele entrevista personalidades a cada apresentação. Antes do bate-papo, os jornalistas fizeram questão de falar a respeito do escritor Luís Fernando Veríssimo, que está internado desde o dia 21 deste mês com o quadro de infecção generalizada. “Certa vez fui à casa do Luís Fernando e ele estava dormindo. Érico quis falar comigo e quis saber do Luís, pois suspeitava que às vezes ele não sabia o que fazer da vida. Eu disse que ele não iria escrever romances propriamente ditos, mas que faria outras coisas tão boas ou melhores do que escrever um romance. Certamente depois ele descobriu que se tratava de um gênio”, conta Ostermann, amigo da família. “O curioso é que ele se descobriu depois dos 30 anos. Ele escrevia o horóscopo, fazia noticiários e de repente se descobriu, quando passou a escrever as crônicas para a Zero Hora”, completou Coimbra.

Após a homenagem a Veríssimo, o bate-papo entre os jornalistas levou ao público uma conversa descontraída. Coimbra acaba de completar 50 anos e revelou que entrou em crise após refletir sobre a idade. “Uma das coisas que me levou a fazer essas reflexões foi quando entrei no Sala de Redação e fiquei olhando para o Paulo Sant’Anna, para o Wianey Carlet com aquele cabelo pintado, olhava para o Lauro Quadros perguntando sobre a vida sexual dos outros, o Kenny Braga dizendo que era o galo da fronteira, aí eu pensei ‘será que vou ficar assim quando chegar na idade deles?’ Aí entrei em crise”, falou Coimbra, arrancando gargalhadas da plateia. “Então pensei ‘antes de chegar nessa fase, vou fazer algumas coisas mais conscientes, mais sérias, de forma mais compenetrada”.

Dessa forma compenetrada, o jornalista e autor de livros como “Canibais”, “Pistoleiros também mandam flores” e “Um trem para a Suíça” escreveu o livro “Uma história do mundo”, lançado recentemente, que conta fatos históricos de uma maneira diferente e conta a origem da civilização. “Tenho em minha biblioteca mais de 2500 livros de história. De quatro anos pra cá, comecei a me sentir maduro o suficiente para escrevê-lo. Levei quatro anos para escrever esse volume. Tento contar de uma forma leve. Não sou um historiador, mas é um livro de história”.

Ao longo da carreira, David Coimbra conseguiu êxito tanto no jornalismo quanto em sua carreira como escritor. Duas carreiras atreladas a uma paixão: contar histórias. “Muitos dizem que escrevem para serem jornalistas. Eu sou jornalista para escrever”, concluiu. Após a conversa, Coimbra e Ostermann atenderam ao público, dando autógrafos e tirando fotos para encerrar o primeiro dia da maratona cultural na cidade.

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