A Feira Regional do Livro de Novo Hamburgo
deste ano teve início na última sexta-feira, 23, e conta com atrações especiais
para a comunidade da cidade. Em sua trigésima edição, as grandes figuras do
primeiro dia do evento foram os jornalistas David Coimbra e Ruy Carlos
Ostermann e o patrono Gilberto Abrão falou sobre as expectativas para o
andamento da feira. “Esta é uma festa cultural que todos devemos acompanhar. O
livro é o alimento da alma e eu espero que todos apreciem nossa feira”, disse
Abrão, que fez um apelo aos pais presentes. “Peço para que todos os pais
ensinem seus filhos a ler. Os tirem um pouco da frente da TV, os façam ler”.
David
Coimbra foi o convidado de Ruy Carlos Ostermann no já famoso talk-show
“Encontros com o professor”, no qual ele entrevista personalidades a cada
apresentação. Antes do bate-papo, os jornalistas fizeram questão de falar a
respeito do escritor Luís Fernando Veríssimo, que está internado desde o dia 21
deste mês com o quadro de infecção generalizada. “Certa vez fui à casa do Luís
Fernando e ele estava dormindo. Érico quis falar comigo e quis saber do Luís,
pois suspeitava que às vezes ele não sabia o que fazer da vida. Eu disse que
ele não iria escrever romances propriamente ditos, mas que faria outras coisas
tão boas ou melhores do que escrever um romance. Certamente depois ele
descobriu que se tratava de um gênio”, conta Ostermann, amigo da família. “O
curioso é que ele se descobriu depois dos 30 anos. Ele escrevia o horóscopo,
fazia noticiários e de repente se descobriu, quando passou a escrever as
crônicas para a Zero Hora”, completou Coimbra.
Após
a homenagem a Veríssimo, o bate-papo entre os jornalistas levou ao público uma
conversa descontraída. Coimbra acaba de completar 50 anos e revelou que entrou
em crise após refletir sobre a idade. “Uma das coisas que me levou a fazer essas
reflexões foi quando entrei no Sala de Redação e fiquei olhando para o Paulo
Sant’Anna, para o Wianey Carlet com aquele cabelo pintado, olhava para o Lauro
Quadros perguntando sobre a vida sexual dos outros, o Kenny Braga dizendo que
era o galo da fronteira, aí eu pensei ‘será que vou ficar assim quando chegar
na idade deles?’ Aí entrei em crise”, falou Coimbra, arrancando gargalhadas da
plateia. “Então pensei ‘antes de chegar nessa fase, vou fazer algumas coisas
mais conscientes, mais sérias, de forma mais compenetrada”.
Dessa
forma compenetrada, o jornalista e autor de livros como “Canibais”, “Pistoleiros
também mandam flores” e “Um trem para a Suíça” escreveu o livro “Uma história
do mundo”, lançado recentemente, que conta fatos históricos de uma maneira
diferente e conta a origem da civilização. “Tenho em minha biblioteca mais de
2500 livros de história. De quatro anos pra cá, comecei a me sentir maduro o
suficiente para escrevê-lo. Levei quatro anos para escrever esse volume. Tento
contar de uma forma leve. Não sou um historiador, mas é um livro de história”.
Ao
longo da carreira, David Coimbra conseguiu êxito tanto no jornalismo quanto em
sua carreira como escritor. Duas carreiras atreladas a uma paixão: contar
histórias. “Muitos dizem que escrevem para serem jornalistas. Eu sou jornalista
para escrever”, concluiu. Após a conversa, Coimbra e Ostermann atenderam ao
público, dando autógrafos e tirando fotos para encerrar o primeiro dia da
maratona cultural na cidade.
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