Se você é amante do futebol, provavelmente já ouviu algum dos termos a seguir: “Adivinhe!”, “As bandeiras estão tremulando!”, “Máquina tricolor” ou “Academia do povo”. Todos esses jargões foram criados pela mesma pessoa e se você é um desses amantes e mora no Rio Grande do Sul, provavelmente conhece Haroldo de Souza. Grande figura do cenário futebolístico gaúcho, apesar de já ter atuado em Minas Gerais e ser natural de Jacarezinho, no Paraná, o narrador vive no Sul há quase 40 anos e narra as emoções do futebol aos torcedores apaixonados dos Pampas.
"Cascudo", - termo do meio futebolístico que remete ao jogador experiente - além de narrar os jogos no rádio, participa de programas de debate na televisão e é também Vereador da cidade de Porto Alegre. E foi justamente na Câmara de Vereadores da capital gaúcha que ele falou de sua carreira, de seus objetivos e até de suas desavenças profissionais. “Pequenos - ou grandes - desentendimentos com a Igreja Universal do Reino de Deus, que representa a Rede Record de Televisão e hoje proprietários da Rádio Guaíba, me fizeram ter um desacerto com eles, que foi uma redução de salário. Algo que não se concebe hoje em dia em qualquer lugar do mundo, você ter seu salário reduzido e continuar fazendo o mesmo trabalho que fez durante 16 anos”, conta em seu gabinete, rodeado de folhas em sua mesa e com um mural de fotos da família na parede.
"Cascudo", - termo do meio futebolístico que remete ao jogador experiente - além de narrar os jogos no rádio, participa de programas de debate na televisão e é também Vereador da cidade de Porto Alegre. E foi justamente na Câmara de Vereadores da capital gaúcha que ele falou de sua carreira, de seus objetivos e até de suas desavenças profissionais. “Pequenos - ou grandes - desentendimentos com a Igreja Universal do Reino de Deus, que representa a Rede Record de Televisão e hoje proprietários da Rádio Guaíba, me fizeram ter um desacerto com eles, que foi uma redução de salário. Algo que não se concebe hoje em dia em qualquer lugar do mundo, você ter seu salário reduzido e continuar fazendo o mesmo trabalho que fez durante 16 anos”, conta em seu gabinete, rodeado de folhas em sua mesa e com um mural de fotos da família na parede.
Haroldo é enérgico, gesticula e narra os fatos de sua trajetória com a mesma emoção que narra um jogo de futebol, e é a sua relação com o esporte mais famoso do planeta que o faz realmente se empolgar. Da mesma forma que se emociona, consegue tocar também os torcedores gaúchos, narrando os grandes títulos da história dos dois maiores clubes do Estado e ajudando a modelar a própria identidade deles, tanto que dois dos apelidos mais conhecidos da dupla Grenal foram dados por ele. “‘Máquina Tricolor’ surgiu no jogo do Grêmio no Morumbi contra o São Paulo, em 1981, em que o Grêmio foi campeão brasileiro. Comecei a falar e os torcedores adoraram, e aí a única torcida com faixa em 1983, no Japão, estava lá ‘Torcida Organizada Máquina Tricolor’, aí eu digo: ‘Opa! Então pegou mesmo!’. Assim como a “Academia do Povo” que eu criei em 1975 quando o Inter foi pela primeira vez campeão brasileiro. Cada vez que eu vejo as faixas nos estádios eu penso que deixei algumas coisinhas aí, pelo menos de entretenimento e motivação para as pessoas e torcedores”, comenta o narrador, contando a origem de suas frases marcantes do cenário futebolístico gaúcho. “São coisas que, à primeira vista, você pensa ‘que bobagem o que eu falei’. Por exemplo, o ‘Adivinhe!’, é uma bobagem dizer e depois gritar ‘gol’, mas as pessoas gostam e fazer o quê?”.
Ao longo dos anos, o narrador viu o rádio se transformar e se moldar a certas realidades. Hoje, a internet influencia diretamente no rádio, estabelecendo contato com os ouvintes e até sendo mais um meio de sintonizar suas frequências, mas Haroldo de Souza fica dividido quantos aos benefícios e malefícios que a internet pode lhe trazer. “A internet trouxe algum benefício ao rádio. Você pode sintonizar as grandes emissoras, via internet, em qualquer lugar do mundo, independente da potência de quilowatts de uma emissora ou outra. Mas trouxe o atraso de que tem muita gente narrando futebol na internet. Forma um site, forma qualquer coisinha e daqui a pouco está fazendo praticamente a mesma coisa que as outras rádios estão fazendo, essa era digital trouxe alguns benefícios, mas para o rádio (esportivo) ela foi um pouco prejudicial. No entanto, eu acredito que o rádio esportivo, principalmente, é muito difícil de terminar com ele e os outros setores, então, nem se fale, porque a instantaneidade do rádio é fantástica. A internet trouxe esse benefício de espalhar o rádio no sentido universal, mas o prejuízo de também apresentar condições de fazer um trabalho radiofônico, rádio jornalístico ou esportivo via essa matéria que a tecnologia nos dá nos dias de hoje”, afirma o narrador que também está presente nas mais famosas redes sociais e faz delas um meio de interação com seus ouvintes: “O Twitter e o Facebook ajudam. Ajudam a divulgar ainda mais o rádio. Eu acho que por aí não tem nenhum problema, no meu entendimento, que venha a prejudicar o rádio. A maioria dos programas, tanto esportivo quanto jornalístico de debates, se coloca à disposição a essas redes sociais exatamente para abranger um público maior ainda do que aquele que automaticamente já haveria só pelo canal de áudio”.
Haroldo de Souza já tem seu futuro planejado e já projeta a aposentadoria, mas não há motivos para os seus admiradores se preocuparem, ao menos nos próximos oito anos. “Estou na Rádio Bandeirantes faz dois anos. Está passando rápido porque quando eu fui pra lá, determinei narrar mais dez anos e encerrar minha carreira na Bandeirantes. A não ser que ocorra uma reviravolta muito grande pra eu não encerrar minha carreira lá”. Mas se o rádio está com os anos contados para o narrador, a televisão ainda tem um pouco mais de tempo em sua carreira. “Penso em, quando parar no rádio, dar continuidade na televisão, tendo um programa só meu. E aí fazer mais um cinco anos de televisão, com a cara ainda mais enrugada e mais séria, pra dar um pouco mais de credibilidade àquilo que a gente construiu nesse meio século de atividade”. Perguntado se depois de tanto tempo ainda é necessário mais credibilidade, Haroldo é enfático: “Tem que renovar todos os dias essa nossa ação, porque hoje em dia somos muito fiscalizados nas ações. Amanhã ou depois qualquer vacilada que você dá, já perde a credibilidade e aí pra recuperar é mais difícil do que você próprio adquiri-la”, finaliza.
Texto: Fábio Osório
Fotos: Divulgação/Jéssica Silva
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