quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Novela Ronaldinho


Uma das maiores novelas da história do futebol brasileiro e que tomou conta da mídia mundial por cerca de vinte e cinco dias, teve seu capítulo final na noite da última segunda-feira, quando por volta da meia-noite o personagem principal, Ronaldinho Gaúcho foi anunciado como o novo reforço do Flamengo. Para entendermos a fundo a negociação, os integrantes da redação TRI Online conversaram com os jornalistas da Zero Hora, David Coimbra e Luiz Zini Pires, que estão a par do assunto desde o seu início.

As primeiras conversas
Segundo os dois entrevistados, os primeiros contatos aconteceram ainda antes da eleição presidencial, mais especificamente no mês de setembro. Para David, tudo começou como uma brincadeira. “O Ronaldinho tem um amigo que é amigo do César Cidade Dias, atual diretor de futebol do Grêmio. E antes da eleição, o Cidade brincava com esse amigo dizendo: ‘quando ganharmos a eleição, vamos trazer o Ronaldinho’. Quando o grupo do Odone ganhou a eleição, esse amigo do Ronaldinho veio procurá-lo: ‘pô, é verdade, está de pé aquele negócio. O César achou interessante, levou para o Vicente que depois levou para o Odone e assim foi evoluindo”, afirmou David.
Conforme Zini Pires, a primeira aproximação foi tímida. “O Grêmio não sabia bem o que o Ronaldinho queria. O Ronaldinho não sabia como o Grêmio ia se comportar. E essa união foi se solidificando com o passar dos meses, com o passar dos contatos, até a metade de dezembro quando o Assis praticamente garantiu que o Ronaldinho jogaria no Grêmio”, diz o jornalista.

A proposta
Como disse o vice-presidente do Grêmio, Antônio Vicente Martins na coletiva do último sábado, quando o tricolor desistiu das negociações para ter Ronaldinho, a proposta apresentada pelo clube gaúcho foi a maior entre os clubes envolvidos. “A proposta era alta, de um milhão e duzentos e cinqüenta mil reais por mês, mais participação em lucros. O cálculo que se tinha é que Ronaldinho ganharia dez milhões em salários e mais dez milhões em outras formas de rendimento, cerca de vinte milhões por ano”, revela Coimbra.

A reviravolta
Como Zini havia dito, o negócio estava fechado entre Grêmio e Assis, inclusive com um brinde entre as partes na casa do dirigente gremista César Cidade Dias. Para David, a reviravolta se deu no momento em que se soube que, além do Grêmio, Assis também estava negociando com Palmeiras e Flamengo. “Se sabia das conversas em paralelo, mas Assis dizia que era só despiste”. David acredita que Assis não se acertou com o clube gaúcho porque não quis, já que o vice-presidente Ricardo Vontobel tentou entrar em contato com Assis para acertar valores do contrato, porém não obteve retorno.
Ronaldinho de volta ao Grêmio, um dia?
Tanto David quanto Zini acham pouco provável uma reaproximação entre Grêmio e Ronaldinho. “Não existe mais relação. Agora é um rompimento definitivo, algo que não tem mais como voltar”, diz Coimbra.

Assis: o empresário
Para os jornalistas, a imagem de Ronaldinho e principalmente de Assis ficou bastante desgastada durante esta negociação. “O Ronaldinho vai jogar mais uns quatro anos e depois vai parar. O Grêmio continua sua história, mas a imagem do Assis como empresário está muito prejudicada nesse episódio todo”, afirma David.

O mico do ano
Sobre a festa preparada para recepcionar Ronaldinho na última sexta-feira, um dia antes da desistência na negociação, Zini e David consideram normal essa atitude da diretoria tricolor. “Estava tudo certo, definido. Você tem que se organizar, começar a montar uma estrutura”, avalia Zini. “Eu acho que a vergonha ficou do lado do Assis. A imagem do Assis é que ficou ruim”, ressalta David.

O amor e o profissionalismo
David e Zini divergem quanto à questão do profissionalismo. Coimbra acredita que Ronaldinho não foi profissional ao escolher jogar no Flamengo e cita a Lei Pelé como exemplo. ”Com a Lei Pelé, o jogador se transformou em uma mercadoria e botou na cabeça que os dirigentes faziam todo o mal e ele era o explorado. Então, ele tinha que tirar o máximo de dinheiro que pudesse. Mas não é assim que funcionam as coisas em nenhuma profissão, em nenhuma atividade”, destaca David. Luiz Zini Pires enxerga a escolha de Ronaldinho de outra forma. “Futebol é uma coisa para profissionais, onde o coração e a cor não entram. Se o jogador é profissional, ele vai jogar no time que paga mais”, acredita Zini.




Foto fonte: Bruno de Lima

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