quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Seminário promove o debate sobre gênero e sexualidade



Professores de Novo Hamburgo e a comunidade acadêmica da Universidade Feevale se reuniram na tarde desta quarta-feira para discutir a influência da mídia na criação de normas e regras sobre gênero e sexualidade. Isso aconteceu na primeira etapa do IV Seminário Criança na Mídia.

A professora e pesquisadora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, Jane Felipe abriu o ciclo de palestras com a temática “As mídias e a construção dos scripts de gênero e sexualidade para crianças”. A profissional iniciou o debate provocando a naturalização da criança no entretenimento. “Quando as vemos na sinaleira ficamos chocados, mas encontrá-las seguidamente na televisão é algo normal”, critica.

Polêmica frequentemente debatida, a espetacularização do corpo feminino e das normas ditadas às mulheres foi uma temática levantada por Jane Felipe. “Esses scripts acabam por ditar como ela [a mulher] deve se comportar, quais atributos deve ter”, critica a professora universitária. Ainda que a prática de sexualizar o corpo feminino persista há décadas nas propagandas, trabalhar com a questão do gênero ainda é um dos tabus poucos explorados nas escolas, na visão de Jane Felipe. “Geralmente a escola não têm projetos para trabalhar o assunto, é apenas biologia. Fala-se o aparelho digestivo, por exemplo, mas não o sexual”.

Jaime Eduardo Zanetti, professor da rede municipal de Novo Hamburgo e pesquisador da UFRGS explorou a temática por meio da abordagem “Dos enigmas da infância: Transexualidade e Tensionamentos dos scripts de gênero”. Zanetti, que desenvolveu extensa pesquisa sobre o assunto com seis pessoas trans, dividiu o assunto nos tópicos: 1) Por que eu [pessoa trans] era um assunto a não ser falado; 2) A hipótese sobre o corpo e o desejo de apagamento das marcas da biologia; 3) Todos os dias tem aula de gênero, reescrevendo os scripts e construindo uma rede (in)formativa na escola.

O professor e pesquisador da Universidade Feevale, André Luiz Silva fechou o ciclo de debates com um mapa da violência sobre a mulher na região da Vale do Sinos. Em sua pesquisa “Mídia, violência de gênero e influência”, Luiz Silva apresentou dados que mostram redução nas notificações de violência às mulheres, caso que ocorreu não só no grupo de municípios, mas também em Novo Hamburgo. Enquanto que em 2013 foram contabilizados 1845 casos na capital nacional do calçado, em 2015 o número caiu para 1099. 
O palestrante André Luiz falou sobre a influência midiática                 Foto: Andrei Souza
Conforme a coordenadora do Seminário e professora da Universidade Feevale, Saraí Schmidt, o ambiente proporcionado pelo seminário é o ideal para se discutir e pensar a prática da questão de gênero e sexualidade. “Eu acho que é um caminho de duas vias e que os professores que vieram pra cá já tem uma experiência significativa nessa área. A escola faz dessa forma um trabalho extremamente engajado”, finaliza.

Gustavo Fritzen, acadêmico do 8º semestre de Jornalismo na Universidade Feevale


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