Professores de Novo Hamburgo
e a comunidade acadêmica da Universidade Feevale se reuniram na tarde desta
quarta-feira para discutir a influência da mídia na criação de normas e regras
sobre gênero e sexualidade. Isso aconteceu na primeira etapa do IV Seminário
Criança na Mídia.
A professora e pesquisadora
da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, Jane Felipe abriu
o ciclo de palestras com a temática “As mídias e a construção dos scripts de
gênero e sexualidade para crianças”. A profissional iniciou o debate provocando
a naturalização da criança no entretenimento. “Quando as vemos na sinaleira ficamos
chocados, mas encontrá-las seguidamente na televisão é algo normal”, critica.
Polêmica frequentemente
debatida, a espetacularização do corpo feminino e das normas ditadas às
mulheres foi uma temática levantada por Jane Felipe. “Esses scripts acabam por
ditar como ela [a mulher] deve se comportar, quais atributos deve ter”, critica
a professora universitária. Ainda que a prática de sexualizar o corpo feminino
persista há décadas nas propagandas, trabalhar com a questão do gênero ainda é
um dos tabus poucos explorados nas escolas, na visão de Jane Felipe.
“Geralmente a escola não têm projetos para trabalhar o assunto, é apenas
biologia. Fala-se o aparelho digestivo, por exemplo, mas não o sexual”.
Jaime Eduardo Zanetti,
professor da rede municipal de Novo Hamburgo e pesquisador da UFRGS explorou a
temática por meio da abordagem “Dos enigmas da infância: Transexualidade e
Tensionamentos dos scripts de gênero”. Zanetti, que desenvolveu extensa
pesquisa sobre o assunto com seis pessoas trans, dividiu o assunto nos tópicos:
1) Por que eu [pessoa trans] era um assunto a não ser falado; 2) A hipótese
sobre o corpo e o desejo de apagamento das marcas da biologia; 3) Todos os dias
tem aula de gênero, reescrevendo os scripts e construindo uma rede
(in)formativa na escola.
O professor e pesquisador da
Universidade Feevale, André Luiz Silva fechou o ciclo de debates com um mapa da
violência sobre a mulher na região da Vale do Sinos. Em sua pesquisa “Mídia,
violência de gênero e influência”, Luiz Silva apresentou dados que mostram
redução nas notificações de violência às mulheres, caso que ocorreu não só no
grupo de municípios, mas também em Novo Hamburgo. Enquanto que em 2013 foram
contabilizados 1845 casos na capital nacional do calçado, em 2015 o número caiu
para 1099.
Conforme a coordenadora do
Seminário e professora da Universidade Feevale, Saraí Schmidt, o ambiente
proporcionado pelo seminário é o ideal para se discutir e pensar a prática da
questão de gênero e sexualidade. “Eu acho que é um caminho de duas vias e que
os professores que vieram pra cá já tem uma experiência significativa nessa
área. A escola faz dessa forma um trabalho extremamente engajado”, finaliza.
Gustavo Fritzen, acadêmico do 8º semestre de Jornalismo na Universidade Feevale

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