Foi inaugurada
oficialmente no dia 30 de janeiro de 2015, data na qual se comemora o Dia do
Quadrinho Nacional, a Academia Brasileira de Histórias em Quadrinhos (Abrahq),
tendo como objetivo preservar a memória dos quadrinhos nacionais, unindo
profissionais em prol da valorização da profissão de quadrinistas.
A academia
conta incialmente com um vasto acervo de 60 mil títulos, hoje armazenados no
Virtual Museu do Gibi, em Niterói, Rio de Janeiro. Incluindo trabalhos de
Edmundo Rodrigues e do também guru dos quadrinhos Flavio Colin, além de
inúmeros projetos de outros quadrinistas brasileiros. A coleção é repleta de
raridades, como “O Tico-tico”, tirinha nacional publicada em 1940, e “Irina, a
bruxa”, um clássico dos quadrinhos de terror, criado por Rodrigues duas décadas
depois.
Ágata Desmond,
co-fundadora da marca HQ Forever, foi a idealizadora do projeto. Ágata teve a
ideia após receber um pedido de Edmundo Rodrigues, quadrinista paraense
conhecido no Brasil como gênio dos gibis, atuando em publicações desde a década
de 50. Edmundo faleceu em setembro de 2012, aos 79 anos. Em conversa com Ágata,
já no leito de morte, ele implorou que não deixassem sua obra morrer.
"Quando eu
prometi ao mestre que faria de tudo para manter viva a história dos quadrinhos,
na verdade não sabia no que estava me metendo", relatou em entrevista ao
jornal O Globo. "É preciso muito esforço para tocar um projeto como o da
academia, porque não temos apoio financeiro. Mas agora, o que eu mais quero é
vê-la crescer e dar frutos”.
Gabriel Renner,
cartunista e ilustrador do Jornal Zero Hora, falou sobre a importância da
academia para o Brasil: “Acho ótimo o surgimento da Academia. Ao mesmo tempo em
que traz um tom de requinte à nona arte, é uma forte ferramenta pra manter o
legado de grandes autores importantes que o Brasil projetou, justo nesse
momento em que existe muita gente produzindo trabalho autoral, independente e
de muita qualidade. Percebo que o quadrinho cada vez mais é uma linguagem quase
que saudosista, e estarmos imersos no glamour tecnológico videográfico pode ter
causado isso. Então admiro e saúdo a Academia Brasileira de HQ´s, que vai
estimular essa literatura que é muito rica nas questões interpretativas de linguagem
texto-visual”, ressaltou.
Uma das
principais metas da instituição é levar exposições gratuitas a escolas e
centros culturais. O projeto já foi aprovado pelo sindicato dos professores,
estando agora em planejamento. Outro objetivo, é possibilitar meios de
trabalho, reforçando o apelo para que os artistas se mantenham na carreira,
assim como novos profissionais possam ingressar no mercado. Para tanto, os
integrantes querem trocar experiências, fazer uma rede de contatos e promover
cursos de capacitação.
Em um mercado
praticamente dominado por homens, Ágata, que também atua como radialista e
diretora de teatro, se tornou a única mulher a integrar a Academia. Durante o
evento de inauguração no Rio de Janeiro, foram empossados os primeiros artistas
membros da ABRAHQ. Foram 20 artistas, incluindo nomes como Gedeone Malagola,
Jayme Cortez, Flavio Colin, Edmundo Rodrigues e Francisco Ferreth. Como alguns
dos homenageados já faleceram, a Academia vai empossar alguns artistas da
atualidade que ocuparão as cadeiras nomeadas em honra aos mestres citados, seguindo
um molde semelhante ao utilizado pela Academia Brasileira de Letras.
Ainda sem uma
sede oficial, a instituição fica no espaço de coworking Colmeia Carioca, em
Botafogo, espaço alugado pelo grupo para cada dia de reunião. Segundo Ágata, o
principal objetivo é conseguir um local definitivo, onde possa armazenar a
coleção e deixar os exemplares expostos.
Andrei Souza, acadêmico do 2°
semestre de Jornalismo na Universidade Feevale.
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