quinta-feira, 30 de abril de 2015

A vida sob a perspectiva de Stanley Kubrick



Stanley Kubrick nasceu em 26 de julho de 1928, no Bronx, Nova York. É considerado um divisor de águas no ramo do cinema, dirigindo e adaptando obras profundas, ao mesmo tempo indo contra as regras traçadas por Hollywood, sendo um gênio criativo sem precedentes. Kubrick dirigiu 13 Longas-metragens na sua carreira, alcançando imediatamente o sucesso de crítica e público, deixando sua marca na história do cinema.
Durante a infância o jovem do Bronx não era o que se podia chamar de “adolescente exemplar”. Desde cedo Stanley procurava se tornar independente, tendo suas próprias convicções e tentando compreender o mundo sob seu ponto de vista. Não era muito dedicado na escola, raramente fazia as lições de casa, e ocasionalmente escapava das aulas para ir ao cinema. Apesar disso, era um garoto que apreciava os hábitos da leitura. Apesar disso, seu pai sempre reconheceu a grande habilidade criativa do filho, e o incentivou desde cedo nas práticas de xadrez, esporte no qual se tornou especialista, e mais tarde acabou presenteando o filho com uma câmera fotográfica, que logo se tornou um dos passatempos preferidos de Stanley, sendo o outro o xadrez.
Kubrick passou a vagar pela cidade com sua câmera, já demonstrando ser uma pessoa extremamente obsessiva naquela época, fotografando diversos pontos de Nova York e tentando vender suas fotos para quem quisesse comprar. Capturando a clássica imagem de um jornaleiro com um semblante triste ao lado de um jornal que tinha como manchete a morte do presidente Roosevelt, e a vendendo para a Revista Look, conseguindo um lugar entre os fotógrafos aprendizes da equipe. A partir desse momento, Kubrick afiaria seu olhar para as artes de luz e sombra através das inúmeras fotos produzidas na sua carreira como freelancer. Foi a partir dai que ele descobriria o seu desejo por ser cineasta.
Kubrick era um homem determinado, completamente focado em seu trabalho. Em 1951, quando tinha apenas 23 anos, com o mínimo de recursos possíveis, conseguiu dar vida ao seu primeiro projeto, um documentário denominado Dia da Luta, que acompanhava a rotina de um boxeador, desde sua preparação, até o momento decisivo no qual entraria no ringue. Além de escrever o roteiro para a obra, o diretor também fez a iluminação e operou uma das câmeras. Após trabalhar em mais dois documentários semelhantes a esse, realizou Medo e Desejo (1953), seu primeiro longa de um filme de ficção.
Alguns anos depois, em pareceria com James B. Harris, um jovem produtor iniciante, produziria mais dois filmes: O grande golpe (1955) e Glória feita de sangue (1957). Kubrick agora mais experiente acabou chamando atenção de produtores que trabalhavam em Hollywood, que voltaram seus olhos para ele após obter algum mérito em suas produções, não demorando muito até que entrassem em contato. Então, Kubrick se viu em meio ao mundo vigoroso e complexo do cinema. O diretor foi cogitado para trabalhar em Spartacus (1960), substituindo o posto deixado por Anthony Mann, que não resistiu à pressão devido ao estresse causado pela produção do longa. Stanley agora teve de lidar com atores famosos, além disso, teria de suportar a cobrança e a pressão de trabalhar em um blockbuster. Contudo, o diretor conseguiu demonstrar seu talento, levando Spartacus a se tornar um sucesso absoluto de bilheteria. Spartacus teve um impacto enorme em sua carreira, o que acarretou em uma frustação na época, devido ao fato de que os produtores exigiam total controle sobre a obra, limitando sua liberdade criativa. A partir desses acontecimentos, ele optou por mudar-se com a família para a Inglaterra, no intuito de buscar um local mais propício para produzir as produções que imaginava em sua mente.
Durante os anos que se seguiram, Kubrick investiu em novos projetos ambiciosos, tais como o clássico de ficção científica 2001Uma odisseia no espaço (1968), e o épico Barry Lyndon (1975), grandes produções que acabaram criando vida longe de Hollywood. Kubrick realizou os projetos devido aos financiamentos que ele mesmo conseguiu dos investidores, porém manteve um vínculo com a Warner Bros, estúdio responsável por distribuir seus filmes ao redor do mundo.
Quando Stanley entrava em um projeto ele demostrava controle absoluto sobre cada etapa de produção, verificando passo a passo o roteiro, exigindo o máximo de todos os envolvidos em suas produções. Cada detalhe minucioso passava por sua supervisão. Kubrick ficou conhecido por revolucionar cada gênero no qual trabalhou, sendo principalmente cogitado como um dos diretores mais influentes de todos os tempos. Adaptando romances Best Sellers como Laranja Mecânica (1971), uma distopia clássica que critica a sociedade, e o misterioso e enigmático O Iluminado (1980), do mestre do terror Stephen King, e até mesmo filmes com temáticas de guerra, como Doutor Estranho (1964), no qual satiriza a Guerra fria.
O cineasta ganhou diversos prêmios e inúmeras indicações ao Oscar, como produtor, diretor e roteirista. Em 1997 ganhou o Leão de Ouro no Festival de Veneza por sua contribuição ao cinema. Seu último filme foi "De Olhos bem Fechados", com a atriz Nicole Kidman e o ator Tom Cruise. Kubrick morreu enquanto dormia, de ataque cardíaco, aos 70 anos.
Kubrick passou sua vida toda revendo seus passos, semelhante a um jogador de xadrez, na tentativa de evitar cair em alguma armadilha. Elevou seus conceitos ao limite, alcançando o domínio de todos os passos cinematográficos, características que se destacaram em seus “filmes de um homem só”. Com isso, explorou todas as possibilidades do cinema ao máximo. Entre filmes mais grandiosos e menos grandiosos, a ousadia sempre prevaleceu, não tendo desenvolvido nenhum projeto que pudesse ser chamado de ruim, mas, pelo contrário, dando vida a obras cinematográficas extremamente interessantes, tanto do ponto de vista técnico quanto artístico. 

Andrei de Souza, acadêmico do 2º semestre de Jornalismo na Universidade Feevale.


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