sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Encontro discute as relações da mídia com o público


O primeiro debate do seminário Crise da Representação e Renovação da Democracia aconteceu hoje na parte da manhã, em Porto Alegre. Intitulado Novas narrativas e reforma da comunicação, contou com os convidados Renato Rovai, editor da Revista Fórum; Venício Lima, jornalista e sociólogo; Lino Bocchini, editor de mídia online da Carta Capital; Luiz Carlos Azenha, jornalista; Joaquim Ernesto Palhares, jornalista do site Carta Maior; Antônio Martins, jornalista e editor do site Outras Palavras, e Antônio E. Castro, coordenador do conselho Editorial do jornal eletrônico Sul21. O encontro foi pautado pela discussão sobre a mídia tradicional e a nova mídia em relação com o público e o estado.

Rovai iniciou o encontro fazendo uma comparação da revolução industrial com o momento em que estamos vivendo, porém a passagem é para uma época informacional, onde a informação modifica rapidamente o cotidiano das pessoas. Ele apontou as modificações vindas com tecnologias como a internet: A notícia não estando mais em posse dos grandes veículos de comunicação, sendo, então, produzida por diversas pessoas.

As grandes empresas produtoras e distribuidoras de notícia foram alvos de críticas dos debatedores. Lima afirma que a velha mídia monopoliza discussões políticas e cria uma visão ruim da política para a população. Palhares se lembrou do caso onde a Rede Globo pede desculpas por ter apoiado a ditadura militar, mas, segundo ele, –sendo apoiado pelas palmas de quem participava do evento- a empresa deveria prestar esclarecimentos junto à comissão da verdade, que visa investigar violações dos direitos humanos durante a ditadura no país. Castro definiu a mídia tradicional como um instrumento de poder, capaz de manipular.

Descobrir que as grandes corporações comunicacionais são negócios voltados para o lucro, tratando a informação como mercadoria, foi, segundo os participantes do debate, um dos motivos para o povo ir protestar nas ruas.

É importante manter um controle sobre os veículos de comunicação e enfrentá-los, mas sem querer o seu fim. Esse foi um ponto levantado por Azenha para melhorar a relação da mídia com a população. Rovai relatou como solução a criação de mídias livres, financiadas pelo governo.

Em uma época onde a notícia é produzida e transmitida por diversos grupos, não sendo condicionada a poucas empresas, surgiu, durante o encontro, a questão da real importância do jornalista e a sua necessidade atual. O papel do jornalista mudou, comenta Martins, não cabendo apenas fazer questionamentos para a sociedade, mas procurando as melhores soluções para os problemas e criando discussões a respeito dos assuntos mais importantes. “Jornalismo de qualidade é difícil”, diz Bocchini, “o bom e velho jornalismo é necessário e vai sobreviver. A notícia é fundamental”. 


Lucas P. de Quadros
Acadêmico do 6º semestre de Jornalismo

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