O
primeiro debate do seminário Crise da Representação e Renovação
da Democracia aconteceu hoje na parte da manhã, em Porto Alegre.
Intitulado Novas narrativas e reforma da comunicação, contou com os
convidados Renato Rovai, editor da Revista Fórum; Venício Lima,
jornalista e sociólogo; Lino Bocchini, editor de mídia online da
Carta Capital; Luiz Carlos Azenha, jornalista; Joaquim Ernesto
Palhares, jornalista do site Carta Maior; Antônio Martins,
jornalista e editor do site Outras Palavras, e Antônio E. Castro,
coordenador do conselho Editorial do jornal eletrônico Sul21. O encontro foi pautado pela discussão sobre a mídia tradicional e a
nova mídia em relação com o público e o estado.
Rovai
iniciou o encontro fazendo uma comparação da revolução industrial
com o momento em que estamos vivendo, porém a passagem é para uma
época informacional, onde a informação modifica rapidamente o
cotidiano das pessoas. Ele apontou as modificações vindas com
tecnologias como a internet: A notícia não estando mais em posse
dos grandes veículos de comunicação, sendo, então, produzida por
diversas pessoas.
As
grandes empresas produtoras e distribuidoras de notícia foram alvos
de críticas dos debatedores. Lima afirma que a velha mídia
monopoliza discussões políticas e cria uma visão ruim da política
para a população. Palhares se lembrou do caso onde a Rede Globo
pede desculpas por ter apoiado a ditadura militar, mas, segundo ele,
–sendo apoiado pelas palmas de quem participava do evento- a
empresa deveria prestar esclarecimentos junto à comissão da
verdade, que visa investigar violações dos direitos humanos durante
a ditadura no país. Castro definiu a mídia tradicional como um
instrumento de poder, capaz de manipular.
Descobrir
que as grandes corporações comunicacionais são negócios voltados
para o lucro, tratando a informação como mercadoria, foi, segundo
os participantes do debate, um dos motivos para o povo ir protestar
nas ruas.
É
importante manter um controle sobre os veículos de comunicação e
enfrentá-los, mas sem querer o seu fim. Esse foi um ponto levantado
por Azenha para melhorar a relação da mídia com a população.
Rovai relatou como solução a criação de mídias livres,
financiadas pelo governo.
Em
uma época onde a notícia é produzida e transmitida por diversos
grupos, não sendo condicionada a poucas empresas, surgiu, durante o
encontro, a questão da real importância do jornalista e a sua
necessidade atual. O papel do jornalista mudou, comenta Martins, não
cabendo apenas fazer questionamentos para a sociedade, mas procurando
as melhores soluções para os problemas e criando discussões a
respeito dos assuntos mais importantes. “Jornalismo de qualidade é
difícil”, diz Bocchini, “o bom e velho jornalismo é necessário
e vai sobreviver. A notícia é fundamental”.
Lucas P. de Quadros
Acadêmico do 6º semestre de Jornalismo
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