segunda-feira, 8 de abril de 2013

Intercâmbio: você já pensou nessa ideia?


O aumento da estabilidade financeira da população e a possibilidade de conhecer o mundo ao mesmo tempo em que se investe na carreira e na fluência em um segundo idioma são alguns dos fatores que explicam o aumento da procura pelos intercâmbios. Somente no Estados Unidos existem nove mil intercambistas brasileiros, mas há expectativas de alcançar a meta dos 14 mil, segundo Ana Beatriz Faulhaber, diretora da empresa de consultoria educacional CP4 Cursos no Exterior. Estimativas do setor preveem que ainda em 2013 o número de brasileiros vivendo no exterior para estudar chegue à 240 mil. Estas viagens são incentivadas pelos governos pelo alto grau de conhecimento que os estudantes podem adquirir e também pelos gastos feitos durante este período, já que, segundo o Banco Central do Brasil, nos primeiros sete meses de 2012 as despesas no exterior somaram 12,7 bilhões de dólares.
Foi na busca de crescimento e evolução do conhecimento da língua inglesa, que a aluna do curso de Sistemas de Informação da Universidade Feevale, Bruna Wilhelms de Souza, procurou o intercâmbio. Através da agência Egali Intercâmbio, de Novo Hamburgo, Bruna viajou para a cidade de Vancouver, no Canadá, onde morou e estudou por seis meses. “O intercâmbio sempre esteve nos meus planos, desde que me deparei com o Inglês procurei me aprofundar de todas as formas possíveis. A experiência foi incrível, a “host family” (família que me acolheu) foi extremamente receptiva e o aprendizado é imensurável”, disse Bruna. Segundo ela, a rotina era toda dedicada ao estudo da língua e, nos momentos de descanso, aproveitava para conversar e trocar experiências com os amigos vindos de diversos países. “Os japoneses são os mais educados e tímidos, mas com o tempo tornam-se amigos fiéis. Os franceses são excelentes para festas, pois não perdem nenhuma oportunidade de diversão”, lembrou a estudante.
Bruna: “No Canadá eu conquistei minha independência, andava de ônibus e metrô sozinha, coisa que jamais faria aqui.”


Também visando o aprendizado de uma nova língua, a estudante de Turismo da Feevale, Mariana Fischer, buscou o sistema de Au Pair para realizar sua viagem.  Neste programa, a jovem trabalhou durante dois anos como babysitter de meninos gêmeos na cidade de Petaluma, no estado norte-americano da Califórnia, e usava as noites para estudar. Os finais de semana eram a oportunidade que Mariana tinha de conhecer o país. “Minha família americana fez de tudo para que eu me sentisse em casa, e eu tenho um amor muito grande por eles. Os meninos, Connor e Garrett, tinham apenas nove meses quando cheguei. Só tinha os finais de semana livres, e aproveitei para conhecer San Francisco, Los Angeles, San Diego, Lake Tahoe, Reno, Las Vegas, New Orleans, New York e o Hawaii”, contou Mariana.
Mariana pode conhecer lugares renomados, como a Calçada da Fama.

Após o retorno de Mariana ao Brasil, sua irmã Manoela Fischer é quem a substituiu na mesma casa da família. Manoela viajou no dia 7 de janeiro e pretende ficar durante um ano por lá. “É um programa remunerado que me permite estudar e trabalhar. Eu estudo no Santa Rosa College Junior à noite e trabalho de segunda à sexta, das 8h às 17h. Minhas tarefas incluem levar os meninos à escola, cuidar de sua alimentação, e dar toda a atenção necessária. A rotina é ótima, mas não é nada fácil”, ressaltou a baby sitter e estudante.
Manoela aproveita o tempo livre para curtir as belas paisagens da região.
O programa de Au Pair é regulamentado pelo Departamento de Estado americano e conta com pré-requisitos básicos, como o visto J-1 para a entrada no país. Além disto, também é necessário ter entre 18 e 26 anos, não ter antecedentes criminais, ter ensino médio completo e carteira de motorista válida. É preciso ainda falar inglês em nível intermediário e contar com 200 horas de experiência comprovada com crianças. O visto e o passaporte devem ser válidos por pelo menos 12 meses. Uma das principais vantagens deste programa é que, além do salário combinado e a estadia na casa, a família ainda é responsável por pagar os estudos do intercambista.
Já para aqueles que desejam viajar por um período mais curto, a professora de inglês Camila Pereira da Silva indica o intercâmbio nos parques de Walt Disney World, na Flórida. Camila afirma que os dois meses e meio oferecidos pelo programa são muito bons para aperfeiçoar a língua. “Como tenho o inglês fluente, fui selecionada para a função de operar os brinquedos e lidei diretamente com público. Morei nos condomínios da Disney, dividindo apartamento com mais três brasileiras, mas conheci pessoas que moravam com americanos, chineses, e pessoas de diversas nacionalidades”, relatou a professora. Segundo ela, um dos principais fatos que lhe chamou a atenção foi o tempo de duração do intercâmbio, já que se encaixava com o seu período de férias da faculdade. Os requisitos básicos deste programa são ter mais de 18 anos, estar regularmente matriculado em um curso universitário reconhecido pelo MEC e com duração mínima de quatro anos, falar inglês fluentemente, disponibilidade para iniciar e completar o programa, ter situação financeira estável para custear os bilhetes aéreos de ida e volta, seguro médico internacional e despesas de visto, bem como ter flexibilidade para morar com pessoas vindas de diferentes países e comparecer às entrevistas e reuniões com a equipe STB e a equipe Disney.
Camila: “ Acredito que todos deveriam ter uma experiência assim.”
 Responsável pela área de Marketing da agência Egali Intercâmbio, Márcia Brentano diz que os destinos mais procurados são Dublin na Irlanda, Vancouver no Canadá, Londres na Inglaterra, e Los Angeles nos Estados Unidos. Segundo ela, um intercâmbio de quatro semanas tem o custo médio de R$ 7.000,00, incluindo as despesas com curso, acomodação, seguro e voo. “Para a estadia, oferecemos a Egali House em Londres, Dublin, Sydney e Los Angeles, uma espécie de república. Além disso, também contamos com o sistema de Homestay, que são casas de família, ou as tradicionais residências estudantis”, disse a representante. Márcia ainda destaca que a realização de um intercâmbio é capaz de gerar benefícios em diversas áreas da vida, pois proporciona o conhecer pessoas e culturas diferentes, ensina a lidar com flexibilidade, ter mais responsabilidade e aprender com a diversidade.
Apesar de todas as experiências serem diferentes entre si, os momentos mais marcantes para os que passaram pela experiência do intercâmbio costumam ser os de chegada no país de destino e o retorno ao Brasil. “Me senti um intrusa em minha própria casa, a rotina que minha família tinha já não fazia mais parte de mim, eu estava adaptada ao estilo de vida norte-americano”, disse Bruna Wilhelms de Souza. Do mesmo modo, as jovens também concordam que o intercâmbio influi diretamente em sua personalidade, forma de agir e pensar. “Aprendi a respeitar e compreender as diferenças, a segurar a saudade e valorizar as pessoas que tenho no Brasil. Além disso, também aprendi a encontrar soluções e lidar com diferenças. Conquistei independência e maturidade”, finalizou Mariana Fischer.
Eduarda Neves
Acadêmica do 1º semestre de jornalismo


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