O aumento da estabilidade
financeira da população e a possibilidade de conhecer o mundo ao mesmo tempo em
que se investe na carreira e na fluência em um segundo idioma são alguns dos
fatores que explicam o aumento da procura pelos intercâmbios. Somente no Estados
Unidos existem nove mil intercambistas brasileiros, mas há expectativas de
alcançar a meta dos 14 mil, segundo Ana Beatriz Faulhaber, diretora da empresa
de consultoria educacional CP4 Cursos no Exterior. Estimativas do setor preveem
que ainda em 2013 o número de brasileiros vivendo no exterior para estudar
chegue à 240 mil. Estas viagens são incentivadas pelos governos pelo
alto grau de conhecimento que os estudantes podem adquirir e também pelos
gastos feitos durante este período, já que, segundo o Banco Central do Brasil,
nos primeiros sete meses de 2012 as despesas no exterior somaram 12,7 bilhões
de dólares.
Foi na busca de crescimento e
evolução do conhecimento da língua inglesa, que a aluna do curso de Sistemas de
Informação da Universidade Feevale, Bruna Wilhelms de Souza, procurou o intercâmbio.
Através da agência Egali Intercâmbio, de Novo Hamburgo, Bruna viajou para a
cidade de Vancouver, no Canadá, onde morou e estudou por seis meses. “O
intercâmbio sempre esteve nos meus planos, desde que me deparei com o Inglês procurei
me aprofundar de todas as formas possíveis. A experiência foi incrível, a “host family” (família que me acolheu)
foi extremamente receptiva e o aprendizado é imensurável”, disse Bruna. Segundo
ela, a rotina era toda dedicada ao estudo da língua e, nos momentos de
descanso, aproveitava para conversar e trocar experiências com os amigos vindos
de diversos países. “Os japoneses são os mais educados e tímidos, mas com o
tempo tornam-se amigos fiéis. Os franceses são excelentes para festas, pois não
perdem nenhuma oportunidade de diversão”, lembrou a estudante. Bruna: “No Canadá eu conquistei minha independência, andava de ônibus e metrô sozinha, coisa que jamais faria aqui.” |
Também visando o aprendizado de
uma nova língua, a estudante de Turismo da Feevale, Mariana Fischer, buscou o
sistema de Au Pair para realizar sua
viagem. Neste programa, a jovem
trabalhou durante dois anos como babysitter
de meninos gêmeos na cidade de Petaluma, no estado norte-americano da
Califórnia, e usava as noites para estudar. Os finais de semana eram a oportunidade
que Mariana tinha de conhecer o país. “Minha família americana fez de tudo para
que eu me sentisse em casa, e eu tenho um amor muito grande por eles. Os
meninos, Connor e Garrett, tinham apenas nove meses quando cheguei. Só tinha os
finais de semana livres, e aproveitei para conhecer San Francisco, Los Angeles,
San Diego, Lake Tahoe, Reno, Las Vegas, New Orleans, New York e o Hawaii”,
contou Mariana.
Mariana pode conhecer lugares renomados, como a Calçada da Fama. |
Após o retorno de Mariana ao Brasil, sua irmã Manoela
Fischer é quem a substituiu na mesma casa da família. Manoela viajou no dia 7
de janeiro e pretende ficar durante um ano por lá. “É um programa remunerado
que me permite estudar e trabalhar. Eu estudo no Santa Rosa College Junior à
noite e trabalho de segunda à sexta, das 8h às 17h. Minhas tarefas incluem
levar os meninos à escola, cuidar de sua alimentação, e dar toda a atenção
necessária. A rotina é ótima, mas não é nada fácil”, ressaltou a baby sitter e estudante.
Manoela aproveita o tempo livre para curtir as belas paisagens da região. |
O programa de Au Pair é regulamentado pelo
Departamento de Estado americano e conta com pré-requisitos básicos, como o
visto J-1 para a entrada no país. Além disto, também é necessário ter entre 18
e 26 anos, não ter antecedentes criminais, ter ensino médio completo e carteira
de motorista válida. É preciso ainda falar inglês em nível intermediário e
contar com 200 horas de experiência comprovada com crianças. O visto e o
passaporte devem ser válidos por pelo menos 12 meses. Uma das principais
vantagens deste programa é que, além do salário combinado e a estadia na casa,
a família ainda é responsável por pagar os estudos do intercambista.
Já para aqueles que desejam
viajar por um período mais curto, a professora de inglês Camila Pereira da
Silva indica o intercâmbio nos parques de Walt
Disney World, na Flórida. Camila afirma que os dois meses e meio oferecidos
pelo programa são muito bons para aperfeiçoar a língua. “Como tenho o inglês
fluente, fui selecionada para a função de operar os brinquedos e lidei
diretamente com público. Morei nos condomínios da Disney, dividindo apartamento
com mais três brasileiras, mas conheci pessoas que moravam com americanos,
chineses, e pessoas de diversas nacionalidades”, relatou a professora. Segundo
ela, um dos principais fatos que lhe chamou a atenção foi o tempo de duração do
intercâmbio, já que se encaixava com o seu período de férias da faculdade. Os requisitos
básicos deste programa são ter mais de 18 anos, estar regularmente matriculado
em um curso universitário reconhecido pelo MEC e com duração mínima de quatro
anos, falar inglês fluentemente, disponibilidade para iniciar e completar o
programa, ter situação financeira estável para custear os bilhetes aéreos de
ida e volta, seguro médico internacional e despesas de visto, bem como ter
flexibilidade para morar com pessoas vindas de diferentes países e comparecer
às entrevistas e reuniões com a equipe STB e a equipe Disney.
Camila: “ Acredito que todos deveriam ter uma experiência assim.” |
Responsável
pela área de Marketing da agência Egali Intercâmbio, Márcia Brentano diz que os
destinos mais procurados são Dublin na Irlanda, Vancouver no Canadá, Londres na
Inglaterra, e Los Angeles nos Estados Unidos. Segundo ela, um intercâmbio de
quatro semanas tem o custo médio de R$ 7.000,00, incluindo as despesas com
curso, acomodação, seguro e voo. “Para a estadia, oferecemos a Egali House em
Londres, Dublin, Sydney e Los Angeles, uma espécie de república. Além disso,
também contamos com o sistema de Homestay,
que são casas de família, ou as tradicionais residências estudantis”, disse a
representante. Márcia ainda destaca que a realização de um intercâmbio é capaz
de gerar benefícios em diversas áreas da vida, pois proporciona o conhecer
pessoas e culturas diferentes, ensina a lidar com flexibilidade, ter mais
responsabilidade e aprender com a diversidade.
Apesar de todas as experiências
serem diferentes entre si, os momentos mais marcantes para os que passaram pela
experiência do intercâmbio costumam ser os de chegada no país de destino e o
retorno ao Brasil. “Me senti um intrusa em minha própria casa, a rotina que
minha família tinha já não fazia mais parte de mim, eu estava adaptada ao
estilo de vida norte-americano”, disse Bruna Wilhelms de Souza. Do mesmo modo,
as jovens também concordam que o intercâmbio influi diretamente em sua
personalidade, forma de agir e pensar. “Aprendi a respeitar e compreender as
diferenças, a segurar a saudade e valorizar as pessoas que tenho no Brasil.
Além disso, também aprendi a encontrar soluções e lidar com diferenças.
Conquistei independência e maturidade”, finalizou Mariana Fischer.
Eduarda Neves
Acadêmica do 1º semestre de jornalismo
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