Mostrando que o número de alunos que procuram o curso de jornalismo não diminuiu, potências mundiais provam que a não-obrigatoriedade do diploma não é o fim do mundo
Texto GUSTAVO FRITZEN e RAQUEL RECKZIEGEL
Lehtiala. Periodismo. Giornalismo. Journalistiek. Journalisme. Não entendeu? Tudo bem! O idioma pode até ser diferente, mas a profissão é a mesma em todos os países.
Com a queda da obrigatoriedade do diploma de jornalismo, em 17 de junho deste ano, criou-se um grande tumulto. O tema, que tem gerado ampla repercussão no Brasil, já é assunto encerrado em outros países. Alemanha, Finlândia e França, por exemplo, oferecem cursos de jornalismo em suas universidades, mas eles não são obrigatórios para o exercício da profissão.
Nos Estados Unidos, precursores do jornalismo, o diploma sempre foi opcional. Segundo Juan-Carlos Molleda, professor do curso de Jornalismo e Comunicações da Universidade da Flórida, essa prática é baseada na primeira emenda da Constituição dos Estados Unidos, que é a liberdade de expressão e liberdade da imprensa. Mesmo assim, a mídia entende a importância de treinar futuros jornalistas em universidades e faculdades. “A educação universitária, nos Estados Unidos, teve um impacto muito significativo na profissionalização do jornalismo”, afirmou Juan-Carlos, Ph.D em Filosofia, o que no Brasil equivale ao título de Doutor. “As habilidades, o conhecimento e padrões éticos são mais importantes para a legitimação da profissão do que, por exemplo, um documento”, completou.
O professor John Kaplan, também da Universidade da Flórida, aponta que os Estados Unidos têm um alto padrão jornalístico e que a ética e a responsabilidade social são realmente levadas a sério. “Para entender a importância de construir uma boa matéria, padrões éticos, justiça e até mesmo a legislação, você precisa de uma educação”, assegurou o também vencedor do prêmio Pulitzer de fotografia, em 1992. “É difícil entender isso através de tentativas e erros, especialmente com uma concorrência tão grande como a de hoje”.
Na Finlândia, o jornalismo, ao contrário da Medicina e do Direito, é considerado um ofício livre, em que o profissional pode se qualificar através de diferentes meios (estudo, trabalho ou experiência política). Mesmo assim, aproximadamente metade dos jornalistas inseridos no mercado de trabalho tem o diploma. Segundo o professor Tapio Varis, da Universidade de Tampere, os departamentos de jornalismo sempre foram populares entre os estudantes. “Em Tampere, cerca de 1000 alunos inscrevem-se para estudar jornalismo e 40 se formam, anualmente”, contou o professor. “Em Helsinki (capital da Finlândia), a situação é a mesma, embora eles dêem apenas um treinamento teórico em comunicação, não em jornalismo”, finalizou.
Tanto na Finlândia quanto nos Estados Unidos, a não-obrigatoriedade do diploma não impede que os alunos procurem um curso superior para se especializarem. O fato de o diploma não ser obrigatório para o exercício da profissão de jornalista não afeta a quantidade nem a qualidade dos acadêmicos que estudam em uma Instituição de Ensino Superior. De acordo com o professor Juan-Carlos Molleda, há dez anos, cerca de metade dos profissionais tinha o diploma de jornalismo. Hoje, essa porcentagem aumentou para 75%. “Não acho que o fato de o diploma ser opcional tenha afetado negativamente o jornalismo nos Estados Unidos. Muito pelo contrário: repórteres de alto nível e jornalistas estabeleceram um alto padrão para se seguir”, afirmou Juan-Carlos. “A Educação Superior é considerada importantíssima no país, e no caso do Jornalismo, não há exceção”.
O professor de Comunicação ainda acrescentou que o ensino, atualmente, é ainda mais importante, pois muitas pessoas estão agindo como jornalistas sem uma formação adequada. “Estamos recebendo mais informação, mas não necessariamente informação de melhor qualidade”, insistiu Juan-Carlos Molleda. “Aqueles que possuírem um treinamento em jornalismo farão uma grande diferença no que diz respeito à reportagem séria”, concluiu.
Fatos históricos
Na Finlândia, os cursos de jornalismo começaram em uma faculdade precursora da Universidade de Tampere, em 1926. No começo, os estudos eram curtos e superficiais, mas se tornaram mais exigentes e longos no final dos anos 60. No começo dos anos 70, houve um debate político acirrado sobre a educação jornalística, e a profissão passou a ser ensinada também na Universidade de Jyväskylä. Atualmente, diversas universidades oferecem o curso de Jornalismo na Finlândia, e as grandes empresas da mídia também disponibilizam treinamento.
Já nos Estados Unidos, a profissão tem sido ensinada por mais de um século. Joseph Pulitzer, editor e criador dos Prêmios Pulitzer de Jornalismo, emprestou US$ 2 milhões para dar o pontapé inicial no programa de jornalismo na Universidade Columbia, em 1904. Entretanto, foi a Universidade de Missouri que fundou a primeira Escola de Jornalismo do país, em 1908.
No Brasil, mais de 500 faculdades de jornalismo estão espalhadas pelo país, número que supera estatísticas no mundo inteiro. Quantidade não é qualidade. Por isso, quem realmente gosta de jornalismo e deseja se tornar um bom profissional irá buscar um aprofundamento.
Texto GUSTAVO FRITZEN e RAQUEL RECKZIEGEL
Lehtiala. Periodismo. Giornalismo. Journalistiek. Journalisme. Não entendeu? Tudo bem! O idioma pode até ser diferente, mas a profissão é a mesma em todos os países.
Com a queda da obrigatoriedade do diploma de jornalismo, em 17 de junho deste ano, criou-se um grande tumulto. O tema, que tem gerado ampla repercussão no Brasil, já é assunto encerrado em outros países. Alemanha, Finlândia e França, por exemplo, oferecem cursos de jornalismo em suas universidades, mas eles não são obrigatórios para o exercício da profissão.
Nos Estados Unidos, precursores do jornalismo, o diploma sempre foi opcional. Segundo Juan-Carlos Molleda, professor do curso de Jornalismo e Comunicações da Universidade da Flórida, essa prática é baseada na primeira emenda da Constituição dos Estados Unidos, que é a liberdade de expressão e liberdade da imprensa. Mesmo assim, a mídia entende a importância de treinar futuros jornalistas em universidades e faculdades. “A educação universitária, nos Estados Unidos, teve um impacto muito significativo na profissionalização do jornalismo”, afirmou Juan-Carlos, Ph.D em Filosofia, o que no Brasil equivale ao título de Doutor. “As habilidades, o conhecimento e padrões éticos são mais importantes para a legitimação da profissão do que, por exemplo, um documento”, completou.
O professor John Kaplan, também da Universidade da Flórida, aponta que os Estados Unidos têm um alto padrão jornalístico e que a ética e a responsabilidade social são realmente levadas a sério. “Para entender a importância de construir uma boa matéria, padrões éticos, justiça e até mesmo a legislação, você precisa de uma educação”, assegurou o também vencedor do prêmio Pulitzer de fotografia, em 1992. “É difícil entender isso através de tentativas e erros, especialmente com uma concorrência tão grande como a de hoje”.
Na Finlândia, o jornalismo, ao contrário da Medicina e do Direito, é considerado um ofício livre, em que o profissional pode se qualificar através de diferentes meios (estudo, trabalho ou experiência política). Mesmo assim, aproximadamente metade dos jornalistas inseridos no mercado de trabalho tem o diploma. Segundo o professor Tapio Varis, da Universidade de Tampere, os departamentos de jornalismo sempre foram populares entre os estudantes. “Em Tampere, cerca de 1000 alunos inscrevem-se para estudar jornalismo e 40 se formam, anualmente”, contou o professor. “Em Helsinki (capital da Finlândia), a situação é a mesma, embora eles dêem apenas um treinamento teórico em comunicação, não em jornalismo”, finalizou.
Tanto na Finlândia quanto nos Estados Unidos, a não-obrigatoriedade do diploma não impede que os alunos procurem um curso superior para se especializarem. O fato de o diploma não ser obrigatório para o exercício da profissão de jornalista não afeta a quantidade nem a qualidade dos acadêmicos que estudam em uma Instituição de Ensino Superior. De acordo com o professor Juan-Carlos Molleda, há dez anos, cerca de metade dos profissionais tinha o diploma de jornalismo. Hoje, essa porcentagem aumentou para 75%. “Não acho que o fato de o diploma ser opcional tenha afetado negativamente o jornalismo nos Estados Unidos. Muito pelo contrário: repórteres de alto nível e jornalistas estabeleceram um alto padrão para se seguir”, afirmou Juan-Carlos. “A Educação Superior é considerada importantíssima no país, e no caso do Jornalismo, não há exceção”.
O professor de Comunicação ainda acrescentou que o ensino, atualmente, é ainda mais importante, pois muitas pessoas estão agindo como jornalistas sem uma formação adequada. “Estamos recebendo mais informação, mas não necessariamente informação de melhor qualidade”, insistiu Juan-Carlos Molleda. “Aqueles que possuírem um treinamento em jornalismo farão uma grande diferença no que diz respeito à reportagem séria”, concluiu.
Fatos históricos
Na Finlândia, os cursos de jornalismo começaram em uma faculdade precursora da Universidade de Tampere, em 1926. No começo, os estudos eram curtos e superficiais, mas se tornaram mais exigentes e longos no final dos anos 60. No começo dos anos 70, houve um debate político acirrado sobre a educação jornalística, e a profissão passou a ser ensinada também na Universidade de Jyväskylä. Atualmente, diversas universidades oferecem o curso de Jornalismo na Finlândia, e as grandes empresas da mídia também disponibilizam treinamento.
Já nos Estados Unidos, a profissão tem sido ensinada por mais de um século. Joseph Pulitzer, editor e criador dos Prêmios Pulitzer de Jornalismo, emprestou US$ 2 milhões para dar o pontapé inicial no programa de jornalismo na Universidade Columbia, em 1904. Entretanto, foi a Universidade de Missouri que fundou a primeira Escola de Jornalismo do país, em 1908.
No Brasil, mais de 500 faculdades de jornalismo estão espalhadas pelo país, número que supera estatísticas no mundo inteiro. Quantidade não é qualidade. Por isso, quem realmente gosta de jornalismo e deseja se tornar um bom profissional irá buscar um aprofundamento.
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