A Bela e Fera foi a primeira releitura da Disney em Live-action Foto: American Filmes/ Reprodução |
Desde 2009 os fãs de romances animados esperam pelo momento de assistir uma nova versão de um grande sucesso dos anos noventa. Seguindo a nova fase da Disney, A Bela e a Fera chegou às telonas mundiais no dia 16 de março. Com grande expectativa por parte do público que cresceu assistindo dezenas de vezes o tal sucesso, logo nos primeiros dez dias o longa-metragem faturou aos cofres da empresa norte-americana cerca de US$ 350 milhões pelo mundo inteiro, segundo informação do Box Office Mojo.
Esse foi a primeira releitura da empresa filmado em live-action (quando os atores são reais,
e não animações) à arrecadar mais que US$ 150 milhões e no final de semana de
estreia já atingiu o valor gasto pelos estúdios, de US$ 160 milhões. O filme
também foi o quarto lançamento seguido da Disney à superar os US$ 600, após Doutor
Estranho, Moana e Rogue One.
Aqui no Brasil, atingiu o recorde de
2017 chegando aos R$ 40 milhões na primeira semana, e se tornou o sexto filme
de maior estreia na sétima arte brasileira, levando cerca de 2 milhões de
pessoas aos cinemas, de acordo com o site Adoro Cinema. Por enquanto, não estando nem ao
menos 20 dias em cartaz, já é a 83ª produção que mais lucrou na história do
cinema mundial (US$ 720), deixando para trás grandes produções, como Capitão
América, Amanhecer e Jogos Vorazes. A primeira posição da lista é ocupada por
Avatar (Fox - 2009) que chegou aos US$ 2 bilhões e 787 milhões, e o primeiro
filme da Disney Studios é Star Wars: O Despertar da Força, de 2016, o qual
atingiu os US$ 2 bilhões 68 milhões.
Emma Watson interpretou o papel da personagem Bela na adaptação Foto: Adoro Cinema/ Reprodução |
Quando os primeiros trailers de A Bela e a Fera chegaram às redes sociais, o público criou grande expectativa a respeito da releitura, que seguia cada passo da animação de 1991, inclusive tendo montagens demonstrando a firme fidelidade ao original. O filme do diretor Bill Condon, diferentemente de Malévola - que apresentou uma leitura live-action dentro da história da Cinderela -, trouxe elementos idênticos e totalmente baseados no desenho.
Um fato diferente no novo
longa-metragem são os 45 minutos a mais comparados à primeira leitura feita
pela Disney do famoso livro do escritor francês do século XVIII, Jeanne-Marie
Leprince de Beaumont (baseado na obra da Dama de Villeneuve, Gabrielle-Suzanne
Barbot). Neste tempo a mais, os personagens são explorados de melhor maneira,
extraindo os melhores detalhes graças ao elenco escolhido a dedo. Emma Watson
interpreta perfeitamente o papel de Bela, trazendo mais detalhes e emoção ao
filme. O jeito escrúpulo e tolo de Gaston foi ainda mais a fundo, mostrando o fato
do mesmo se achar o “macho líder”. O personagem de Josh Gad é uma das grandes
discussões em torno ao filme, já que a identidade de gênero do mesmo é
claramente mais evidenciada nesta versão. Entretanto, os comentários sobre tal
personagem não deveria ser esses, tendo em vista que o mesmo exerce timings incrivelmente engraçados em
conjunto com a expressão do ator. Outro fato novo foi a incrementação de um
novo personagem, Cadenza, pianista da Fera.
Após tantos filmes explorarem
incrivelmente bem os efeitos visuais e sonoros, é percebido que faltou um pouco
de profissionalismo nestas partes, que pelo jeito não recebeu o devido
orçamento necessário. Os estúdios deixaram a desejar no personagem da Fera, que
não foi tão explorado e deixado um pouco de lado. O modo animal deste foi jogado para o canto, o
que é inadmissível após os efeitos incríveis aplicados pela Disney em Mogli
(Oscar de Melhores Efeitos Visuais). Esta busca pelo econômico feita pelos
estúdios também é fortemente percebida nas cenas em que Bela conhece a
biblioteca do Castelo e na cena da dança entre a camponesa e o príncipe
amaldiçoado, momentos imensamente importantes para os fãs e que as cenas não
foram exploradas e não receberam a dedicação necessária para a construção de
instantes marcantes aos olhos do público.
Por outro lado, as cenas que não
necessitavam de grandes efeitos, como algumas canções e atos musicais
permaneceram iguais ao do filme original, tendo em vista a facilidade em
aplicar os efeitos e gravá-los em estúdio. Por falar nisso, as filmagens que
ocorreram em Londres, duraram somente quatro meses.
Tendo em vista o sucesso do
filme lançado no meio de março, talvez o fato de explorar releituras de
animações em formato de filmes em action seja
um novo caminho a ser traçado pela Disney. Acontece que os diretores e
produtores da empresa californiana não podem simplesmente buscar somente pelo
orçamento mais barato, já que maior gasto resulta em resultados melhores, a
exemplo de Avatar - orçamento de US$ 237 milhões é faturamento mundial de US$
2,7 bilhões.
A Bela e a Fera é um bom filme e uma
ótima releitura, mas não explorou muito o potencial de ser um sucesso global e
histórico. O que realmente levou o público aos cinemas foram os incríveis atores
e o fato de que praticamente todo mundo quando criança assistiu ao musical, se
não fosse por isso, não passaria de mais um filme da Disney.
Pietro Pasqualotti, acadêmico do 2º semestre de Relações Públicas na Universidade Feevale
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