sexta-feira, 21 de setembro de 2012

O Curinga

 
"Você já pensou que num baralho existem muitas cartas de copas e de ouros, outras tantas de espadas e de paus, mas que existe apenas um curinga?". Se você procurar algo a respeito do livro O Dia do Curinga, de Jostein Gaarder, essa é uma das frases que vai encontrar em sua busca. E foi justamente este o livro que serviu de inspiração ao nome da banda O Curinga, de Novo Hamburgo, e que, de certa forma, retrata o som da banda.
Em meados dos anos 80, bandas como Cascavelletes, Bicho da Seda e TNT caracterizavam a cena sulista e até hoje são sinônimo do rock produzido no Estado. Nadando contra a maré, a Curinga tenta fugir do rótulo de “rock gaúcho”. “Pode ser que eu esteja enganado, mas parece que as pessoas não querem nada que seja novo, parece que sempre querem ouvir o que estava rolando antes, aquela coisa do Sul, principalmente, banda gaúcha tocando aquele rock ‘n’ roll sem distorção. Nós queremos mudar um pouco esse estereótipo, sempre gostamos de algo mais pesado”, diz o vocalista João Lucchese, “Até gostamos de rock gaúcho, mas queremos fazer algo diferente, não algo igual a quinhentas mil bandas”, complementa o baixista Diego Sales.
A banda iniciou sua estrada em 2008, tocando em festivais de talentos de escolas e em bares da região. Com dois EPs lançados de forma virtual, “Embaralhando”, de 2009, e “Prelúdio”, de 2010, lançaram seu primeiro CD, autointitulado, em maio deste ano, e o gravaram de forma totalmente independente. “Começamos a gravar em agosto de 2010 e pagamos com o dinheiro dos shows. No final de semana tocávamos e na semana gravávamos o CD”, conta Lucchese. “Pensamos em gravar singles, mas já tínhamos as músicas há algum tempo e achamos que elas mereciam isso. Estamos muito contentes com o CD assim, vivo”, completa o vocalista.
A Curinga ainda possui um videoclipe lançado no ano passado, da música “Suspirando ao acordar”, filmado em parceria com a equipe que viria a fundar a Clube 7 Produções. “Eles estavam iniciando. Na época, eram estudantes do curso de audiovisual da Unisinos e nos convidaram para gravar o clipe da música logo depois que a lançamos”, comenta Lucchese. A parceria acabou sendo essencial para a banda, que não arcou com nenhum custo da filmagem, bom negócio para uma banda independente. “Era um trabalho dos alunos e fomos uma espécie de cobaia”, brinca Sales. “Até outro grupo de alunos fez um clipe para a Tequila Baby...”, completa.
Além de João Lucchese e Diego Sales, Samuel Muller (bateria) e Daniel Limas (guitarra) completam o time da Curinga, formando um grupo de músicos que buscam seu lugar ao sol no mainstream com canções pouco convencionais. “As primeiras músicas que compomos foram mais para o lado grunge, mas fomos encontrando nosso lance, porque todos gostavam de coisas diferentes e acho que conseguimos colocar tudo o que queríamos nas músicas. Um pouco de rock ‘n’ roll, um pouco de peso, até algo mais indie”, comenta Lucchese. Letras reflexivas escritas pelo vocalista revelam sentimentos de quem enxerga um horizonte adiante e necessita escolher um caminho a seguir. “As músicas falam do nosso cotidiano. É uma coisa mais introspectiva, acho que todos da banda são meio introspectivos e acabam se identificando”, conta Lucchese, que vê a banda em meio a um cenário de batalha diária do mercado musical: “O primeiro CD fala muito disso, de toda aquela ‘podreira’ de tocar por aí e a dificuldade de começar uma banda. É chute no escuro o tempo todo”.
Hoje, depois de um árduo caminho inicial, a banda se mostra confiante para traçar novos desafios, já pensando em um novo trabalho, como revela o vocalista: “O segundo CD está mais ‘light’. Apesar de a carga ser grande, acredito que a carga do início era muito pior, porque existia uma pressão de saber se iríamos gravar um CD, se as pessoas iriam gostar. Hoje estamos mais tranquilos, as pessoas já têm uma aceitação pelas músicas e fica mais fácil de compor uma música e as pessoas não virem com pedras nas mãos”.
 
Enquanto o segundo álbum não é lançado, a banda projeta um novo videoclipe para logo. Ouça a matéria a seguir e confira uma versão acústica exclusiva da música escolhida:
 
 
Texto: Fábio Osório
 

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