"Você
já pensou que num baralho existem muitas cartas de copas e de ouros, outras
tantas de espadas e de paus, mas que existe apenas um curinga?". Se você
procurar algo a respeito do livro O Dia do Curinga, de Jostein Gaarder, essa é
uma das frases que vai encontrar em sua busca. E foi justamente este o livro que
serviu de inspiração ao nome da banda O Curinga, de Novo Hamburgo, e que, de
certa forma, retrata o som da banda.
Em
meados dos anos 80, bandas como Cascavelletes, Bicho da Seda e TNT caracterizavam
a cena sulista e até hoje são sinônimo do rock produzido no Estado. Nadando
contra a maré, a Curinga tenta fugir do rótulo de “rock gaúcho”. “Pode ser que
eu esteja enganado, mas parece que as pessoas não querem nada que seja novo,
parece que sempre querem ouvir o que estava rolando antes, aquela coisa do Sul,
principalmente, banda gaúcha tocando aquele rock ‘n’ roll sem distorção. Nós
queremos mudar um pouco esse estereótipo, sempre gostamos de algo mais pesado”,
diz o vocalista João Lucchese, “Até gostamos de rock gaúcho, mas queremos fazer
algo diferente, não algo igual a quinhentas mil bandas”, complementa o baixista
Diego Sales.
A
banda iniciou sua estrada em 2008, tocando em festivais de talentos de escolas
e em bares da região. Com dois EPs lançados de forma virtual, “Embaralhando”,
de 2009, e “Prelúdio”, de 2010, lançaram seu primeiro CD, autointitulado, em
maio deste ano, e o gravaram de forma totalmente independente. “Começamos a
gravar em agosto de 2010 e pagamos com o dinheiro dos shows. No final de semana
tocávamos e na semana gravávamos o CD”, conta Lucchese. “Pensamos em gravar
singles, mas já tínhamos as músicas há algum tempo e achamos que elas mereciam
isso. Estamos muito contentes com o CD assim, vivo”, completa o vocalista.
A Curinga ainda possui um videoclipe lançado no ano passado, da música
“Suspirando ao acordar”, filmado em parceria com a equipe que viria a fundar a
Clube 7 Produções. “Eles estavam iniciando. Na época, eram estudantes do curso
de audiovisual da Unisinos e nos convidaram para gravar o clipe da música logo
depois que a lançamos”, comenta Lucchese. A parceria acabou sendo essencial
para a banda, que não arcou com nenhum custo da filmagem, bom negócio para uma
banda independente. “Era um trabalho dos alunos e fomos uma espécie de cobaia”,
brinca Sales. “Até outro grupo de alunos fez um clipe para a Tequila Baby...”,
completa.
Além
de João Lucchese e Diego Sales, Samuel Muller (bateria) e Daniel Limas (guitarra)
completam o time da Curinga, formando um grupo de músicos que buscam seu lugar
ao sol no mainstream com canções pouco convencionais. “As primeiras músicas que
compomos foram mais para o lado grunge, mas fomos encontrando nosso lance,
porque todos gostavam de coisas diferentes e acho que conseguimos colocar tudo
o que queríamos nas músicas. Um pouco de rock ‘n’ roll, um pouco de peso, até
algo mais indie”, comenta Lucchese. Letras reflexivas escritas pelo vocalista
revelam sentimentos de quem enxerga um horizonte adiante e necessita escolher
um caminho a seguir. “As músicas falam do nosso cotidiano. É uma coisa mais
introspectiva, acho que todos da banda são meio introspectivos e acabam se
identificando”, conta Lucchese, que vê a banda em meio a um cenário de batalha
diária do mercado musical: “O primeiro CD fala muito disso, de toda aquela
‘podreira’ de tocar por aí e a dificuldade de começar uma banda. É chute no
escuro o tempo todo”.
Hoje,
depois de um árduo caminho inicial, a banda se mostra confiante para traçar
novos desafios, já pensando em um novo trabalho, como revela o vocalista: “O
segundo CD está mais ‘light’. Apesar de a carga ser grande, acredito que a
carga do início era muito pior, porque existia uma pressão de saber se iríamos
gravar um CD, se as pessoas iriam gostar. Hoje estamos mais tranquilos, as
pessoas já têm uma aceitação pelas músicas e fica mais fácil de compor uma
música e as pessoas não virem com pedras nas mãos”.
Enquanto
o segundo álbum não é lançado, a banda projeta um novo videoclipe para logo.
Ouça a matéria a seguir e confira uma versão acústica exclusiva da música
escolhida:
Texto: Fábio Osório
melhor banda do underground atual! parabéns pela matéria.
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