segunda-feira, 31 de outubro de 2011

A vingança monumental

Foto: Diego Vara/ ClicEsportes
Domingo, 30 de outubro de 2011, às 16 horas, no estádio Olímpico Monumental, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Foi o dia de Grêmio e Flamengo, jogo válido pela 32ª rodada do Brasileirão. O jogo e o placar seriam completamente insignificantes se não houvesse um nome em especial.
Ronaldinho.
Seria o primeiro encontro do homem que enganou o Grêmio por duas vezes, com o estádio onde ele se criou e iniciou a trajetória de ídolo nacional que ele é. Ou melhor, quase nacional, pois depois do leilão por escolher o time onde ia jogar, que culminou com a ida dele para o Flamengo, só a metade colorada do Rio Grande do Sul que ainda pode ter um valor afetivo por ele.
O jogo já tinha clima de batalha logo quando anunciaram no calendário do Brasileirão a data do confronto entre as duas equipes em Porto Alegre. Muita gente especulou que o 10 do Flamengo não viria, por receio de algum atentado, ou coisa parecida. Mas ele veio.
Quando soube que ele jogaria, pensei que haveria uma guerra no estádio, principalmente se este comemorasse (ou pior, fizesse) um gol para o Flamengo. Que o Olímpico viria abaixo, querendo cometer alguma atrocidade com o cara. Ainda bem que nada disso aconteceu.
O estádio estava raivoso. Tão raivoso que quando anunciaram o nome dele no sistema de som, aconteceu uma vaia histórica, capaz de ser ouvida até no Mercado Público, lá no centro da Capital. Logo, seguiram os gritos que tentaram ser censurados em faixas que um grupo de torcedores criou: pilantra.
Vamos ao jogo. O homem que virou motivo para que esta partida se transformasse numa guerra, não tomou conhecimento do clube que o criou. Ele quase marcou logo no início, de falta, em um chute que pegou na trave. Para piorar, Deivid e Thiago Neves ousaram ser algozes na partida, e marcaram os primeiros gols do jogo.
A batalha já era nervosa, e com o revés para o Grêmio, a tendência era piorar. O técnico gremista era Celso Roth, um homem que é conhecido por sua teimosia e amor à retranca. Ele poderia muito bem tirar um atacante para colocar mais algum volante, a fim de evitar uma goleada.
Mas, para alívio da torcida, ele não retrancou.
O jogo seguiu e, aos 43 minutos, os deuses do futebol resolveram acabar com a tristeza tricolor. André Lima, que atualmente é criticado por 11 entre 10 tricolores, marcou o gol, reascendendo as esperanças dos 35 mil gremistas presentes na batalha, e acabando com a faceirice do time de R10 e companhia.
Para mim, a vitória gremista saiu ainda no intervalo. Não faço idéia do que o Celso Roth falou aos jogadores. Mas, de qualquer forma, funcionou. A única alteração foi a troca do zagueiro Saimon, que, mordido com Ronaldinho (ele não comprimentou o flamenguista), tomou amarelo por falta boba no 10 do Flamengo e poderia ser expulso, pelo volante Adílson. E a batalha foi dominada pelo Grêmio. Aos cinco minutos, André Lima fez o segundo gol dele, para um êxtase histórico da torcida.
Os gritos de “pilantra” para Ronaldinho, e as constantes vaias, sumiram. A massa tricolor queria a vitória, acima de tudo. Era a chance de vingar a saída dele, de graça, para o Paris Saint-Germain, em 2001, e a escolha pelo Flamengo, no início deste ano, após fazer juras de amor eterno ao Grêmio. O 10 do Flamengo foi anulado por Gilberto Silva, e quase não apareceu no segundo tempo.
O Olímpico veio abaixo quando o Douglas fez o terceiro. E o quarto gol, foi de alguém que saiu do banco. Miralles. Excelente jogador, mas que o técnico Celso Roth insiste na teimosia de não colocá-lo de titular. Quando ele entrou, no primeiro lance, o narrador Pedro Ernesto, da Rádio Gaúcha, esbravejou: “Chuta castelhano!”. Ali deu o quarto e último gol. Para acabar de vez com a faceirice de Ronaldinho e sua gangue de flamenguistas.
A batalha encerrou com uma vitória heróica do Grêmio por 4 a 2. Foi o alívio gremista depois de mais de 10 anos esperando com uma certa angústia, uma vingança decente contra aquele que um dia vestiu a camisa tricolor, mas que a picaretagem de dez anos atrás, e a ganância atual, o fizeram trair o clube por duas vezes. Ronaldinho, que um dia fora chamado de Gaúcho, nome que deve ser esquecido, merece não aparecer mais por aqui nem a passeio. Os gremistas finalmente podem se aliviar da agonia de esperar 10 longos anos pela tão conquistada vingança.


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