Amor virtual, isso existe?

A internet se tornou uma importante ferramenta para aproximar pessoas. Tanto tem aproximado que hoje já é comum você se comunicar com amigos que moram em outras cidades ou países, e até mesmo manter um relacionamento com pessoas que você não conhece. Mas e quando se trata de relacionamentos amorosos? As famosas “Paixões Online”. Seria possível o amor, transpassar as linhas do computador?

Muitos são os que conhecem pessoas através da internet, e mantém uma linha de intimidade que vai se estreitando ao longo do tempo, até virar um relacionamento dito “sério”. Há casos em que estas relações virtuais perduram até a união estável. Mas poucas foram às vezes em que se ouviu falar do sucesso deste relacionamento amoroso virtual. Conversamos com a professora de Psicologia da Universidade Feevale Nara Maria Cardoso, que também é psicóloga.

Tri Online: Você já teve algum tipo de contato por causa do meio profissional em que atua com pessoas que necessitaram de ajuda ou aconselhamento devido algum tipo de relacionamento virtual, frustrado ou não?

Nara Maria Cardoso:  Não diretamente, que as pessoas tenham buscado ajuda por isso especificamente, mas  pessoas que usam o meio virtual em algum momento para se comunicar com algumas pessoas

T.O: Acredita que o namoro virtual possa dar certo?

N.C: Em um primeiro momento sim, como forma de contato das pessoas se conhecerem, mas não pode ficar nisso, tem que ir mais adiante.

T.O : O que dentro da psicologia explicaria o fato de uma pessoa se deixar levar por informações tão superficiais sobre alguém e em cima disso criar ou suprir algum tipo de sentimento.

N.C:  Muitas vezes são inibições emocionais de que já vem de muito tempo e a pessoa cria uma ilusão de que dessa maneira ela fica mais protegida tendo o meio virtual entre ela e a outra pessoa.

T.O: Pode haver algum tipo de risco psicológico caso não venha dar certo?

N.C: Se a expectativa dela era muito grande nesse sentido,  se a única possibilidade dela de ter um relacionamento com alguém era através do meio virtual, ou seja ela tem tantas dificuldades que  a impeça de ter um relacionamento mais real se a expectativa  está colocada nisso, aí sim, ela pode entrar em um processo depressivo, ter uma situação de stress muito grande.

T.O: O que você acredita que possa levar uma pessoa a buscar um “amor online”?

N.C:  O medo do envolvimento, o medo de se envolver mais concretamente com alguém, a insegurança traumas que a pessoa viveu, então  ela se protege através desse meio online

T.O: É algo saudável à saúde psicológica?

N.C: Um relacionamento totalmente virtual é complicado, porque o relacionamento exige um contato, um olho no olho, um diálogo, um contato físico a vivencia da sexualidade, e não pode ser um relacionamento saudável se ele for totalmente online

T.O: Como profissional da psicologia, você acredita que ao invés de sentimento possa ser algo completamente psicológico ou fantasioso?

N.C: As pessoas podem criar uma fantasia, são capazes disso. E o relacionamento online, ele tem muito de fantasia, porque não tem o teste da realidade, ele é virtual e não passa por este teste da convivência do enfretamento do conflito. Então ele tem muito de fantasia

T.O: Existem casos em que o relacionamento virtual deu continuidade até o casamento. E que hoje, as pessoas, inclusive tem família formada. Você acha que o fato de terem se conhecido pela internet possa acarretar problemas posteriores à essa união estável?

N.C: Não. Por que a sociedade é uma sociedade tecnológica, as pessoas podem se conhecer pela internet. O que pode, pela minha experiência clínica, é que as pessoas como se conheceram pela internet, tenham a ideia de que no real, no contato, as coisas vão ser tão rápidas e tão “virtuais”, ao enfrentarem os conflitos.Esses conflitos não são virtuais, eles são reais. Então tem um pouco a ilusão de que esse relacionamento vai desenrolar rapidamente.

T.O: Quais os cuidados que você aconselharia , as pessoas que mantém algum tipo de relacionamento virtual com alguém?

N.C: Primeiro tem que ver o site em que ela está entrando,  observar o que a outra pessoa diz pra ela,  se é realmente aquilo que elas estão buscando que elas querem evitar encontros em lugares desertos.

T.O: Quando o relacionamento não dá certo. Qual seu aconselhamento, frente a esta situação negativa?

N.C: Acho que como em  todo relacionamento a pessoa buscar se recolher, pensar o que houve, o que não deu certo, e de alguma maneira dar um novo significado para sua vida, para o seu momento de vida.

  

Você acredita que relacionamentos virtuais possam durar?

 "Acredito que sim. A internet possibilita a desinibição, que muitas vezes existe quando as primeiras conversas são ao vivo".

 (Vanessa Maurer, 20 anos)

"Não tem como dar certo. Na internet é muito fácil usar de mentiras para convencer a outra pessoa do que você quer.A vida comum é diferente da virtual".

 (Djeine Kaefer, 19 anos)

"Acho que se os dois se gostam realmente, a internet não é um fator que atrapalhe. Sempre deve haver a confiança, por causa da distância". 

(Monique Ambeli Trapp, 19 anos)